terça-feira, 25 de outubro de 2011

Posse responsável marca FestCão


CONCORRIDO Um público estimado em 4,5 mil pessoas se concentrou ontem na Avenida Cívica para participar das atrações do 7º FestCão, como o desfile e show de agility


ELIANE JOSÉ


Cachorrões e cachorrinhos foram as estrelas em um encontro pontuado pelo carinho e dedicação que esses animais despertam em um séquito em crescimento. Do primeiro FestCão, sete anos atrás, ao deste 2011, realizado na manhã de domingo de sol aplacado por vasilhas improvisadas para a água dos caninos e chapéus na cabeça dos donos, o aumento do número de participantes comprova as mudanças na convivência com os animais e os desafios para uma maior sintonia nesta lida, como a posse responsável.


Foi parte do que se viu durante o encontro, marcado pelo desfile dos animais muitos a rigor, com lacinhos, roupas e sapatinhos para fazer bonito na Cãominhada e no Cãocurso, que escolheu os que mais se destacaram nas categorias fashion, similaridade e pelagem, mas foi restrito aos 15 que primeiro se inscreveram.


A palavra de ordem era mesmo mimar os cães. Sofia, uma poodle branca de um ano que prometia ser toy, mas começou a espichar logo depois das primeiras semanas de convívio com a família Callais, foi uma das que ganhou tratamento vip no dia anterior, em pet shop da Cidade.


O pelo branco ganhou tons róseos em partes do corpo como as orelhas, para a competição que animou Beatriz Callais, de 12 anos. "Foi muito, muito bom", disse.


Antes, Beatriz morava em um apartamento, o que inviabilizava o sonho. Com a mudança para uma casa, há um ano, a compra pela internet concretizou o projeto. Não tanto como Beatriz e a mãe, Edméia, planejavam. Quando Sofia chegou à casa da família, cabia nas mãos e a promessa era de que era um legítimo toy. Mas ela cresceu e muito.


O caso é contado como algo do passado. "Gostamos muito dela, mesmo assim", lembrou Beatriz.


São histórias assim que permeavam as conversas entre o público do evento, realizado pela sétima vez, pela TV Diário, em parceria com a Prefeitura e com apoio de O Diário, e tendo como patrocinadores a Polipet, o Colégio Brasilis e a Purina Dog Chow; além da participação do Tira-Dúvidas, Dr. Faro e da ONG Adote Já.


Nos estandes, filas para fotos, para uma conversa com o veterinário e para pegar um pouco da água distribuída pelo Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae). Muitos dos cães estavam com focinheiras. Um e outro estranhamento e alguns latidos a mais faziam parte da cena. E dá-lhe suspiros, ouvidos aqui e ali, logo depois de um "Que lindo!" ou "Que fofo!" endereçado aos reis da festa.


Foi momento para ampliar a conscientização sobre os cuidados com os animais, como observou o autônomo José Norberto Inácio Soares, o Gero, sentado no beiral da fonte luminosa.


Ele estava com Toff, de dois anos, um golden collie, considerado como um dedicado amigo. "Muito melhor do que muito ser humano que existe por aí", pregou. "Ele é fiel, acompanha o dono", disse, chamando a atenção contra aqueles que adotam ou compram cães e os abandonam. "Isso é falta de consciência. Não haveria necessidade de campanhas, se as pessoas reconhecessem a responsabilidade que têm para com o animal. Mas, infelizmente, não é isso que acontece", enfatizou, enquanto Toff ganhava uma água limpinha para matar a sede.


No Festcão, destaque para a posse dos animais pregada por pessoas como Karina Harvey, de 30 anos, da ONG Adote Já (www.adoteja.com.br), que conseguiu donos para alguns animais abandonados.


Representantes das ONGs comentaram o trabalho da Câmara Técnica de Proteção e Bem-Estar Animal, que tem dado voz à luta pelo trato adequado aos animais.


Integrado por representantes da Prefeitura e de ONGs, a iniciativa tem buscado, entre outras coisas, a adoção de políticas municipais como a ampliação da castração de cães e gatos domésticos. A meta é atingir pelo menos 80% da população animal, para impedir o abandono dos animais e outras atrocidades. "Há ainda muita desinformação sobre o trato com os animais, esse é um dos nossos desafios", disse Karina.


Sem a oferta da castração de forma gratuita ou por um preço simbólico, o abandono e as dificuldades no controle da natividade animal tendem a se avolumar.


Os defensores da causa pontuam que a castração dos animais domesticados, que têm um lar, é que irá diminuir a casta de cães e gatos soltos à própria sorte - que, nas ruas, costumam ter uma sobrevida de apenas três anos.


Fonte:O Diário de Mogi