quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Base agora abandona Orlando


mp Para Gurgel, não é possível chegar a conclusão com depoimento


BRASÍLIA
A base aliada da Câmara abandonou o ministro do Esporte, Orlando Silva, e permitiu à Comissão de Fiscalização e Controle aprovar ontem um convite para que o policial militar João Dias Ferreira e o motorista Célio Soares Pereira apresentem na Casa as acusações contra o ministro.


À tarde, Orlando prestou depoimento no Senado, tentou demonstrar apoio do governo ao dizer que a Advocacia-Geral da União (AGU) vai processar seus acusadores, mas não contestou irregularidades reveladas pelo Estado em relação à ONG Pra Frente Brasil, de sua correligionária a vereadora Karina Rodrigues (PC do B).


O convite para os acusadores de Orlando aconteceu em uma sessão na qual havia apenas um governista na comissão, o petista José Mentor (PT-SP), que é suplente. Nem mesmo o líder do PC do B, Osmar Júnior (PI), estava presente, apesar de ser titular no colegiado. A oposição aproveitou a ausência, pediu inversão de pauta e aprovou o convite formulado pelo líder do DEM, ACM Neto (BA), sem discussão.


A falta de interesse dos aliados em proteger o ministro surpreendeu a oposição, que estudava até manobras regimentais para levar o policial ao Congresso de forma oficial.


Depois da votação, o PCdoB tentou minimizar o fato. Osmar afirmou que derrubar o convite era importante, mas não uma "questão de vida ou morte". "O convite não é correto, mas não temos preocupação com o que vai dizer ou fazer. Ele já vem falando com a imprensa e a oposição." O depoimento do policial e do motorista foi marcado para a semana que vem, no dia 26.


Pelo segundo dia consecutivo ontem, o ministro esteve no Congresso para dar explicações. Ele participou de uma audiência de duas comissões do Senado e procurou demonstrar força dentro do governo ao dizer que a AGU vai processar as pessoas que o acusam. "A Justiça é o caminho para a contestação das calúnias que sofri. A própria Advocacia-Geral da União vai impetrar uma queixa-crime", disse.


Ele enfatizou ter pedido investigações e disse acreditar que suas explicações encerram-se com depoimento que dará à Comissão de Ética Pública da Presidência da República até amanhã. "Vou encerrar essa semana todas as explicações necessárias para desmascarar as farsas publicadas. Tenho agenda de trabalho para cumprir."


Durante a sessão, Orlando foi confrontado pelo líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR). O tucano destacou algumas entidades ligadas ao partido do ministro que receberam recursos da pasta. Focou sua fala na ONG Pra Frente Brasil, cujas irregularidades vêm sendo apontadas desde reportagens do Estado em fevereiro.


Ressaltou que um certificado de qualificação da entidade foi fornecido pelo marido de uma diretora da ONG. Observou que um fundador da Pra Frente Brasil também é fornecedor de material da entidade.


O ministro não respondeu pontualmente aos questionamentos levantados. Limitou-se a dizer que haverá uma auditoria. Argumentou ainda que os contratos do Segundo Tempo não serão mais firmados com ONGs. 


Fonte:O Diário de Mogi