quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Professores exigem melhorias

JÚLIA GUIMARÃES
Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), divulgados no início da semana, indicam que, de forma geral, os alunos das escolas particulares têm melhor desempenho do que os estudantes da rede estadual de ensino. O Governo do Estado divulgou nota oficial em que afirma que "não admite" a comparação entre as instituições dos setores público e privado. Consultados por O Diário, professores de Mogi das Cruzes foram unânimes ao afirmar que está correta a posição da Secretaria da Educação de que as realidades não são comparáveis. Porém, os docentes também foram uníssonos no discurso de que os dados do Enem revelam a necessidade de maiores investimentos no setor.


No Enem de 2010, as instituições privadas de Mogi conseguiram uma média de 604,56 pontos, contra 534,93 do Estado. No ranking de 10 entidades com melhor desempenho há apenas uma unidade estadual, a Escola Técnica Estadual (Etec) Presidente Vargas, que ficou na segunda colocação. O primeiro lugar foi para o Colégio Objetivo, com 679,11 pontos. Já na lista dos piores resultados não há unidades privadas, sendo que o desempenho mais baixo foi registrado na Escola Estadual Benedito de Souza Lima, em Taiaçupeba.


Conselheira do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a professora Inês Paz defendeu maior investimento do Estado para que haja menor diferença entre as redes pública e privada. Ela destacou que, em média, o Brasil investe cerca de R$ 3 mil por aluno anualmente, enquanto que em países desenvolvidos, a cifra é bem maior, de cerca de R$ 13 mil. "Independentemente da posição do Estado, de que o Enem não pode ser considerado parâmetro de comparação, a realidade é que a escola pública está totalmente abandonada. Esta constatação pode ser feita facilmente, sem a necessidade de análise de números, apenas observando-se o cotidiano das instituições".


Para a professora Sônia Sampaio, que atua há mais de 34 anos na rede pública de ensino, a realidade das escolas do Estado não pode ser comparada ao cenário privado. Ela afirma, porém, que o Governo precisa investir mais em Educação e rever a forma como tem aplicado os recursos. "O Estado tem de investir na criação de um projeto pedagógico eficiente, que deve ser discutido com os professores. Um projeto não pode ser criado de cima para baixo, como vem sendo feito. Sofremos nos últimos anos com políticas de desmantelamento da escola pública. O Enem deste ano já demonstrou que houve melhoras, mas acho que esta recuperação ainda será muito lenta", disse.


O professor Nabil Francisco de Moraes ponderou que a comparação entre as redes pública e privada só poderá ser feita a partir do momento em que o Estado oferecer condições semelhantes de ensino, o que inclui, por exemplo, a criação de projetos pedagógicos, a informatização das salas de aula e a boa remuneração dos professores. "Temos de levar em conta também outras questões envolvidas. É evidente que o Ensino precisa ter qualidade, mas, muitas vezes, o aluno da rede pública não possui nem alimentação em casa. Então, as áreas de vulnerabilidade social têm de ser levadas em consideração nestas análises".


Fonte:O Diário de Mogi