domingo, 25 de setembro de 2011

Caso skinheads Vítima diz que pulou de trem para sobreviver


Flávio Cordeiro, que perdeu um braço, reafirmou que ele e o amigo, que morreu, foram obrigados por três homens armados a pular de composição
Deize Batinga
Da Reportagem Local
Jorge Moraes

O advogado Paulo Passos (à esq.) e a vítima Flávio Cordeiro querem que acusado pague por crime
"Estou tranquilo e sei exatamente o que aconteceu naquele dia. Eu não seria louco de acusar um inocente, uma pessoa que não tivesse feito nada comigo e com o meu amigo". Foi assim que Flávio Augusto do Nascimento Cordeiro, hoje com 24 anos, rebateu a tese do advogado de defesa de Vinícius Parizatto, o criminalista José Beraldo. Para o defensor, o chamado caso skinhead, considerado um crime, pode ter sido um acidente. Parizatto vai a júri popular nesta quarta-feira.


Cordeiro perdeu um braço no dia 7 de dezembro de 2003, quando teria sido obrigado por Parizatto, Juliano Aparecido de Freitas, o Dumbão, e Danilo Gimenes Ramos a pular de um trem em movimento na estação de Brás Cubas. O amigo dele, Cleiton da Silva Leite, que também teria sido ameaçado, morreu após se jogar da composição. "Os três estavam armados e vieram de forma violenta para cima de nós. Eles gritavam: ou pula ou morre. Na época, pensamos que, ao pular, teríamos chance de escapar com vida", lembrou.


Para o advogado das vítimas, Paulo Passos, dizer que esse crime pode ter sido um acidente é um uma provocação à sociedade mogiana. "O que houve foi um crime bárbaro, cometido por intolerância. Eles foram tão valentes ao correrem e gritarem ´ou pula ou morre´ e agora vão ser covardes ao ponto de dizerem, por favor, tenham piedade de mim? Não é assim que a justiça se faz".


Agora, a quatro dias do julgamento, vítima e advogado esperam que a justiça seja feita: "Ele precisa pagar pelo crime que cometeu. Ele devia ser homem e falar ´eu fiz mesmo e vou pagar pelo que fiz´. Até parece que foi ele quem perdeu um membro do corpo e um ente querido da família", apontou Cordeiro. "Ele (Parizatto) confessou a prática do crime na polícia e agora, de uma hora para outra, quer imputar a culpa aos colegas? O réu em sua defesa tem de apresentar teses, desde que sejam compatíveis com o processo", explicou Passos.




Fonte:Mogi News