sábado, 24 de setembro de 2011

Alfabetização Aprender a ler e escrever ainda é um grande desafio para a terceira idade

Sem a chance de estudar na infância, muitas pessoas acima dos 60 anos só agora conseguem ir à escola
Katia Brito
Da Reportagem Local
Maurício Sumiya

Turma que participa das aulas de alfabetização oferecidas pelo Sesi, em Brás Cubas, é formada, em sua maioria, por alunos idosos
Aprender a ler e escrever é um grande desafio para os idosos de todo o País. Uma pesquisa, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado, revelou que há no País seis milhões de pessoas com 60 anos ou mais que não sabiam ler ou escrever. 
O analfabetismo é considerado uma espécie de cegueira pela dona de casa Geralda Isabel da Conceição Cunha, de 63 anos, que há seis meses frequenta as aulas de alfabetização no Sesi de Brás Cubas. Nascida no interior do Rio Grande do Norte, ela conta que se casou cedo e, na infância, os pais não ligavam para o estudo. "Quem não sabe ler e escrever é em parte cego. Fiz questão que meus filhos estudassem. Quero poder ler a Bíblia", conta a estudante, que é acompanhada nas aulas pelo neto Everton do Nascimento, de 23 anos, com deficiência de coordenação motora. 


Vivacidade
Uma das alunas mais animadas da sala é a catadora de recicláveis Maria Ribeiro de Jesus, de 89 anos. Participante das atividades da terceira idade do Sesi, ela já fez parte do time do vôlei e teve aulas de ginástica e de teatro. "Sempre trabalhei e não tive oportunidade de estudar. Hoje sou feliz. Viajo e faço parte do coral. Não saio do Sesi", afirma ela, que veio com os pais do sul de Minas Gerais aos 16 anos e hoje mora com um sobrinho.


A aposentada Alairce Ferreira de Souza Coelho, de 76 anos, diz que nunca havia entrado em uma sala de aula até integrar a turma de alfabetização há cinco anos. "Comecei a trabalhar aos sete anos em Belo Horizonte, onde nasci. Aprendi a escrever meu nome quando o Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) esteve em Mogi por volta de 1968 e foi só. Minha escola foi o trabalho. Agora, aprendi a ler e escrever mesmo depois de madura", relata. Ela convida outros idosos a participar das aulas, ressaltando a importância da aprendizagem. 


Empenho
Para a professora da turma da manhã do Programa de Alfabetização Intensiva, a pedagoga Amanda Esteves Rodrigues, trata-se de um problema social e histórico, já que na infância estas pessoas não tinham a oportunidade de estudar, seja pela necessidade de trabalhar ou pelo fato das escolas serem distantes de suas residências. "Por serem de mais idade, a participação e o envolvimento são maiores", observa. 
De acordo com a coordenadora pedagógica do ensino médio, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e ensino fundamental ciclo II do Sesi, Maria das Dores da Silva, os idosos também buscam nas aulas a socialização e a melhora da qualidade de vida. 
O grupo de 20 alunos, composto em sua maioria por pessoas da terceira idade, tem aulas de gêneros textuais e matemática do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 10h30. Também há turmas no período noturno, das 19h30 às 22 horas. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones 4727-1777 ou 4727-2023.


Fonte:Mogi News