quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Nascimento critica ‘faxina’ no PR


SENADO Nascimento fez a defesa do PR, do qual é presidente, depois de lamentar a total falta de apoio da presidente Dilma Rousseff


BRASÍLIA




No primeiro discurso no Senado, 27 dias depois de deixar o Ministério dos Transportes, o senador Alfredo Nascimento (AM) criticou a faxina promovida pelo governo no seu partido, dizendo que o PR "não é lixo" e que "carrega tanto as qualidades quanto alguns dos defeitos de todos os outros partidos".


"O PR não é lixo para ser varrido da administração. Não somos melhores nem piores do que ninguém", afirmou da tribuna do Senado. Foi ainda enfático, ao assegurar que o partido, ao contrário dos demais da base aliada, tem "como prática, diante de denúncias, garantir que eventuais deslizes cometidos pelos filiados sejam investigados e, se comprovados punidos.


"Que cada um assuma a responsabilidade. Eu não sou lixo! O meu partido não é lixo! Nossos sete senadores não são lixo! Nós somos homens honrados e queremos que seja apurado pelo menos a minha participação no Ministério dos Transportes", reagiu Nascimento, que deixou o comando da Pasta no dia 6.


Nascimento fez a defesa do PR, do qual é presidente, depois lamentar a falta de apoio da presidente Dilma Rousseff para que continuasse no governo. Ele lançou ainda suspeitas sobre o comportamento do governo na campanha eleitoral que elegeu Dilma, quando ele próprio se afastou do ministério para disputar o governo da Amazonas.


O senador disse que o ministério que deixou em 2010 é diferente do que encontrou. Como prova, informou que no período, o Ministério dos Transportes tinha um "pacote de investimentos do PAC de R$ 58 bilhões". "Quando retornei (10 meses depois), já estava em R$ 72 bilhões. Fui o primeiro a perceber a disparada dos gastos previstos e determinei um pente fino para conhecer a origem de tal movimentação", informou.


O que, em março, o fez levar suas preocupações à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, sobre o que entendeu ser "um grande salto e descontrole no orçamento do PAC".


Provocado pelo líder do DEM, senador Demóstenes Torres (GO), que creditou o aumento de gastos a seu substituto e atual ministro Paulo Sérgio Passos, Alfredo Nascimento inocentou o antigo auxiliar, hoje seu substituto no ministério, dizendo que Passos não teria "competência nem poderes para colocar despesas extras no PAC ou retirarqualquer coisa que está no PAC".


"O ministro setorial pode, no máximo, sugerir", disse. Nascimento lembrou que quem decide o que entra ou sai do programa é o grupo gestor, integrado pelo ministros da Casa Civil, Planejamento e Fazenda. Demóstenes lembrou que quem comandava a Casa Civil era Erenice Guerra, que deixou o cargo depois de ser alvo de denúncia segundo a qual integrava um esquema de cobrança de propina nos contratos do governo. E que foi substituída por Carlos Eduardo Esteves Lima.


"Ou seja, eles sabiam e determinaram junto com o atual ministro, que esses valores fossem incrementados", afirmou o líder do DEM. Alfredo Nascimento se limitou a dizer que a afirmação era de Demóstenes e não dele.


No discurso de cerca de 40 minutos, o senador defendeu seu filho da acusação de ter, em dois anos, aumentado o patrimônio de sua empresa em 86.500%, dizendo que ele não negociava com firmas que tinham negócios com o governo.


Fonte:O Diário de Mogi