terça-feira, 2 de agosto de 2011

Em crise, Casa Civil volta a ter papel mais político

PAPEL Gleisi Hoffmann já começou a cobrar pessoalmente dos ministros explicações para cada acusação


BRASÍLIA



Diante de novas denúncias envolvendo desvio de dinheiro público em ministérios, a Casa Civil voltará a ter papel mais político. Por determinação da presidente Dilma Rousseff, a ministra Gleisi Hoffmann já começou a cobrar pessoalmente dos ministros explicações para cada acusação. Depois da "faxina" nos Transportes, que derrubou 21 pessoas, a estratégia consiste em impedir que a crise bata à porta do gabinete de Dilma.


Na volta das férias parlamentares, o governo não quer esticar a corda com sua base de sustentação no Congresso. Nos últimos dias, Dilma ouviu ponderações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem é importante fazer uma repactuação com os aliados. Com estilo discreto, a paranaense Gleisi - que substituiu Antonio Palocci, abatido por denúncias de enriquecimento ilícito - será agora uma espécie de "facilitadora" na Esplanada.


Longe dos holofotes, a chefe da Casa Civil - batizada de "Dilma da Dilma" - fará a triagem dos assuntos espinhosos para encaminhar à presidente. Além disso, o site da Casa Civil abrigará, nos próximos dias, um espaço com perguntas e respostas sobre programas e projetos do governo. A ordem é afastar a turbulência do Planalto e diminuir os "ruídos".


Foi Gleisi que recebeu os esclarecimentos do ministro das Cidades, Mário Negromonte. Ex-deputado, Negromonte foi acusado de promover o loteamento da pasta para abastecer o caixa de seu partido, o PP, a exemplo do que ocorreu com o PR nos Transportes. Por enquanto, não há ordem para qualquer afastamento naquela seara.


Gleisi também conversou com o ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB). Afilhado do vice-presidente Michel Temer, Rossi foi acusado por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), de comandar um esquema de corrupção na Agricultura, em parceria com o PMDB e o PTB.


Jucá Neto era diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e foi demitido por Rossi, depois de autorizar um pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa de fachada


Após a reunião da coordenação de governo - com participação de integrantes do PMDB -, Romero Jucá foi ao Palácio do Planalto e pediu desculpas a Dilma, em nome do irmão. Ele também se encontrou com Temer. "Meu irmão teve uma postura incompreensível. O que ele disse não tem pé nem cabeça. Eu não conheço os dados da área, mas não é possível o Oscar sair atirando no ministro e no Temer", insistiu o senador.


De acordo com seu relato, Dilma deu o assunto por encerrado e disse que Rossi está averiguando as denúncias, apresentadas pelo irmão de Jucá à revista "Veja".




Fonte:O Diário de Mogi