terça-feira, 14 de junho de 2011

Estado confirma infecção hospitalar



No mesmo dia em que a direção da Santa Casa de Suzano entrou com pedido de desinterdição para reforma da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, O Diário teve acesso ao relatório da Vigilância Epidemiológica do Estado que, como já havia sido antecipado por este jornal, confirma que quatro das nove mortes ocorridas em maio neste setor foram por infecção hospitalar. O documento oficial, já encaminhado ao Ministério Público, indica ainda que um quinto óbito também é compatível com infecção hospitalar e quatro tiveram outras causas. Ainda ontem, o Conselho Regional de Medicina (CRM) e os deputados estaduais Luiz Carlos Gondim (PPS) e Heroilma Tavares (PTB) vistoriaram a unidade de saúde (leia mais nesta página).
A UTI Neonatal da Santa Casa de Suzano está interditada desde o último dia 3, após inspeções realizadas pelas Vigilância Sanitária e Epidemiológica do Estado por determinação do Ministério Público depois que as mortes dos bebês foram divulgadas pela imprensa – o caso mais gritante foram os óbitos de quatro recém-nascidos num intervalo de 13 horas. Até então, as fiscalizações estavam restritas à Vigilância Municipal, já que Suzano tem autonomia plena.
Desde o início da crise, no entanto, a direção da Santa Casa e a Prefeitura de Suzano, que detém a intervenção do hospital, vinham descartando a ocorrência de infecção hospitalar e afirmando que a interdição só se deu por falhas na estrutura física da UTI, além de alegarem o "uso político" numa supervalorização das ocorrências.
O relatório da Vigilância Epidemiológica Estadual, que é resultado de inspeção realizada no último dia 25, aponta uma relação de 19 irregularidades detectadas no Berçário, Centro Cirúrgico e Sala de Pré-Parto e conclui que, após análise dos prontuários dos nove óbitos registrados em maio (os quais foram disponibilizados pela unidade de saúde), com base nos critérios diagnósticos do Sistema de Vigilância das Infecções Hospitalares do Estado de São Paulo, quatro casos estão confirmados como infecção hospitalar, um caso é compatível com infecção hospitalar e quatro casos estão descartados como infecção hospitalar.
Apesar de ainda ontem o interventor da Santa Casa, Marco Antonio Grandini Izzo, ter afirmado que a interdição da UTI se deu por questões físico-funcionais e, mais uma vez, descartar qualquer relação dos óbitos dos bebês com infecção hospitalar, a Secretaria de Estado de Saúde informou ontem que o Município tem conhecimento e acompanhou todas as inspeções realizadas na Santa Casa. Aliás, o Estado descartou, ainda, qualquer aspecto político no caso e enfatizou que a interdição da UTI se deu, exclusivamente, por questões técnicas.
O relatório da Vigilância Epidemiológica ressalta, ainda, que a inspeção que deu origem ao documento, foi acompanhada pelas Vigilância Epidemiológica e Sanitária Municipal e por um neonatologista (Luiz Carlos Zamarco) e uma enfermeira da Santa Casa (Silvia Gasparina).
No início da noite, a Prefeitura de Suzano comunicou que desconhece o relatório final em que a Vigilância Epidemiológica do Estado conclui a ocorrência de óbitos por infecção hospitalar e que, quando receber o documento, irá contestá-lo.
O Diário apurou que, a princípio, a interdição da UTI Neonatal se deu por irregularidades na estrutura física constatadas "in loco" pelo Estado em inspeções conjuntas com o Município e cujo auto de interdição é assinado por técnicos de ambas as esferas governamentais. No caso específico da Vigilância Epidemiológica Estadual, na ocasião da inspeção (25 de maio), foi solicitado o prontuário médico dos bebês para investigar os óbitos ocorridos e foi o resultado dessa apuração, concluída na semana passada, que confirmou a infecção hospitalar.

Fonte:O Diário de Mogi