terça-feira, 14 de junho de 2011

Afinada com a política, Dilma assume articulação

BRASÍLIA



O governo vai negociar com o Congresso e a presidente da República vai funcionar como uma articuladora política. A presidente aproveitou ontem a posse dos novos ministros das Relações Institucionais, Ideli Salvati, e da Pesca, Luiz Sérgio, para dizer que comandará as negociações necessárias para a aprovação dos projetos de interesse do governo no Congresso.


Na tentativa de deixar claro o recado sobre a nova forma que pretende dar ao governo, agora que fez uma minirreforma ministerial e mudou a Casa Civil e a coordenação política, afirmou que não vê "dicotomia entre um governo técnico e um governo político". E acrescentou, lançando pontes de negociação sobre os outros Poderes: "A afinidade do meu governo com a política se manifesta no imenso respeito pelo Congresso Nacional e pelo Poder Judiciário".


Segundo Dilma, a experiência mostra que nenhum país do mundo conseguiu um elevado padrão de desenvolvimento sem eficiência nas suas atividades governamentais e absorção das técnicas mais avançadas disponíveis. Ela buscou até dispensar a fama de "gerentona". Disse que tem convicção de que as decisões políticas constituem a base das opções governamentais. Lembrou que o governo dispõe de ampla maioria em sua base e prometeu respeitar as minorias.


O Congresso espera a retribuição das promessas de mudança da presidente em forma de cargos e emendas parlamentares. O líder do governo na Câmara, Cândido Vacarezza (PT-SP), elogiou o discurso de Dilma. E fez cobranças para a manutenção do clima de paz. "De urgente temos de ver a liberação das emendas dos parlamentares e as nomeações para o segundo e terceiro escalões com os nomes oferecidos pelos partidos aliados".


A retomada das nomeações começou na sexta-feira, quando Dilma Rousseff atendeu os pedidos do PSB, PT e PMDB e pôs Jurandir Santiago na presidência do Banco do Nordeste.


Vacarezza chegou a ser apontado por uma ala do PT como o preferido para ocupar a vaga do ex-coordenador político Luiz Sérgio. Mas Dilma não se interessou pela proposta. Ao contrário. Para dar uma lição no PT, nomeou a então ministra da Pesca Ideli Salvatti para a coordenação política e, no lugar dela, levou o isolado Luiz Sérgio.


O líder prometeu fidelidade ao governo de Dilma agora que foram nomeados os novos ministros: "Sou líder, e meu dever é defender o governo; o faria também se estivesse apenas na condição de deputado, como soldado que sou do governo."


Ela afirmou também que a importância dada por seu governo à atividade política se reflete na compreensão de que a continuidade das grandes transformações necessárias ao desenvolvimento econômico e social do Brasil só podem nascer da negociação, da articulação de interesses e da capacidade de identificar afinidades e convergências onde, à primeira vista, só parece existir conflito e diferença.


Fonte:O Diário de Mogi