sábado, 21 de maio de 2011

Oposição age para CPI do Palocci

Oposição age para CPI do Palocci


BRASÍLIA


A crise política que atingiu o homem-forte do governo da presidente Dilma Rousseff ganhou decibéis com a oposição se mobilizando para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os negócios da empresa de consultoria do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. A intenção é quebrar os sigilos fiscal e bancário da empresa Projeto e verificar se Palocci praticou tráfico de influência. A exposição do sigilo do ministro revelaria contatos com boa parte do PIB nacional.
O requerimento avança ainda para um questionamento sobre o papel dele como um dos coordenadores de campanha da presidente Dilma Rousseff ao mesmo tempo em que prosperava o faturamento de sua empresa.
A proposta de tentar uma CPI mista de deputados e senadores sobre o caso surgiu no PSDB, partido da oposição que vinha atuando de forma mais discreta no caso. Os líderes na Câmara, Duarte Nogueira (SP), e no Senado, Álvaro Dias (PR), conversaram com o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), e decidiram começar as articulações. DEM, PPS e PSOL já manifestaram apoio à ideia.
Duarte Nogueira afirma que a oposição decidiu partir para esta iniciativa diante da ação do governo de blindar o ministro. "Nós, da oposição, fizemos ações em todas as frentes e chegamos ao absurdo de o governo impedir todas as comissões da Câmara de funcionar. Ninguém aguenta mais o silêncio ensurdecedor do ministro e do palácio do Planalto".
A ementa do requerimento de CPI cita o "extraordinário crescimento patrimonial da empresa Projeto", pede a investigação se houve "a percepção de vantagens indevidas" ou o "patrocínio de interesses privados perante a órgãos do governo federal" e avança até sobre a possível "relação desses fatos com a campanha presidencial de 2010".
O líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), destaca as possibilidades que se abrem com a nova estratégia da oposição. "A CPI tem instrumentos que outras comissões não possuem. Podemos quebrar sigilos, obter informações rapidamente do Coaf e da Receita Federal".
Ele destaca que o fato de o faturamento da empresa ter se concentrado no ano passado faz com que as suspeitas deixem de ser exclusivamente sobre o ministro. "A coincidência do êxito da empresa com o período eleitoral leva suspeitas também sobre a campanha presidencial".
Para conseguir tirar a proposta do papel, porém, a oposição precisa sensibilizar parte da base aliada ao governo Dilma. São necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado para o sucesso da empreitada, enquanto a oposição tem menos de 100 deputados e somente 18 senadores.
O discurso para sensibilizar alguns governistas já está ensaiado. "Daqui a pouco a crise se agrava de um jeito que pode paralisar o governo. Vamos mostrar para eles que nós queremos que essa crise tenha um fim e que isso só acontecerá se esclarecendo os fatos", diz o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR). O PPS tem pronto também outro requerimento pedindo uma investigação somente na Câmara, caso a proposta de CPI mista fracasse.
Entre os governistas mais alinhados com o Planalto, porém, a intenção ainda é de dar o assunto como encerrado. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou ontem que não vê motivo para uma investigação no Congresso. "Acho que não há motivo nenhum para nenhuma CPI, uma vez que até agora não vi no debate nenhum crime a ser levantado e nenhuma contravenção que se pudesse investigar".


Fonte:O Diário de Mogi