sexta-feira, 29 de abril de 2011

França acha chassi da caixa-preta

França acha chassi da caixa-preta 

RIO
Depois de 643 dias e cinco fases de buscas, os investigadores franceses conseguiram localizar ontem o chassi de uma das caixas-pretas do voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 31 de maio de 2009, deixando 228 mortos. A unidade de armazenamento de dados, porém, não foi encontrada.
A carcaça encontrada integra o equipamento que gravou os parâmetros técnicos do voo, segundo informou o Escritório de Investigação e Análises (BEA, na sigla em francês), que coordena as operações de resgate. Ainda prosseguem as buscas pela caixa-preta que gravou os diálogos dos pilotos. Essa caixa-preta também é considerada fundamental para entender os motivos da tragédia.
"Durante o primeiro mergulho do robô Remora 6000 ontem, que durou mais de 12 horas, o chassi do gravador de voo do avião - flight data recorder - foi encontrado sem o módulo que protege e contém os dados (a memória)", diz o comunicado oficial. "O equipamento está cercado de restos de outras partes da aeronave." O resgate dos destroços no Atlântico começou na terça-feira.
Entre as peças que ainda devem ser recolhidas estão elementos das asas dos aviões, que permitiram analisar a situação no momento do impacto, além dos motores e dos postos de pilotagem. Essa análise da cabine de comando poderá identificar se os aceleradores e outros elementos vitais foram acionados durante a queda.
No entanto, as caixas-pretas - sobretudo a parte central (semelhante a uma pilha) da flight data recorder - são a grande aposta do BEA para descobrir as causas do acidente. O que se sabe é que uma série de mensagens automáticas enviadas pelo avião aponta para falha no funcionamento dos sensores de velocidade externa, o pitots. Alguns especialistas sugerem que essas peças podem ter enganado os computadores do avião, em meio a uma forte turbulência.
Ceticismo
O anúncio da descoberta de apenas parte do equipamento foi recebido com ceticismo pelo presidente da Associação dos Familiares de Vítimas do Voo 447, Nelson Faria Marinho. "É difícil acreditar que a caixa-preta estava vazia, que eles encontraram apenas uma carcaça. Aquilo é feito para sofrer impacto e suportar a pressão", afirmou Marinho, que perdeu o filho no acidente.
Marinho recebeu a informação da localização do chassi por e-mail enviado por uma jornalista francesa. Ele não havia recebido nenhum comunicado oficial da BEA. "Me recuso a acreditar que só encontraram uma carcaça."


Fonte:O Diário de Mogi