sexta-feira, 4 de março de 2011

Tribuna Livre: Estúpidos


Dirceu Do Valle
Sou playboy
filhinho de papai
Me afundo nessa bosta até não poder mais
Sou playboy
filhinho de papai
Sou um débil mental.

Somos todos iguais.



(Gabriel, O Pensador , em trecho da letra da composição "Retrato de um Playboy")


Como se uma doença extremamente contagiosa, em sinonímia de uma gripe aviária ou coisa que o valha, espraia a estupidez como um rastilho de pólvora.


Em sendo a idiotice algo universal, vedado o monopólio que impeça a babaquice de, por osmose, espalhar seus potentes tentáculos nas salas próximas, cerra fileiras no grupo dos tapados cada dia mais e mais aspirantes a débil mental.


Como que em um sistema autopoiético, renovando-se a cada ano "tradição" das piores, vê-se repetidas, há tempos, pichação em muro da rodovia Mogi-Dutra, com dizeres que na verdade não dizem nada - nenhuma palavra de ordem; nenhum protesto por mais estúpido que seja, mensagem ou recado, só o registro do momento de bobeira - , partidos dos alunos de Medicina.


Se triste ver o vandalismo gratuito e sem sentido dos "nossos" futuros médicos, tidos como crème de la crème da sociedade até pelas altíssimas mensalidades que suportam, mais triste saber que mais cedo ou mais tarde esses sujeitos estarão cuidando dos que nos são caros, imbuídos do papel preponderantemente social de salvar vidas, acalentar dores e minimizar aflições.


Agora, outros futuros "doutores" resolveram seguir o que não presta. Como se cachorros vira-latas que urinam aqui e acolá marcando território, alunos de Direito decidiram proporcionar um repeteco do esdrúxulo em competição para ver quem mais imbecil, pichando, igualmente, o muro avistado por todos mogianos a caminho ou no regresso de São Paulo.


Assim, futuros garantidores da liberdade e de outros tantos bens inalienáveis do ser humano, amanhã advogados, promotores e juízes, ridiculamente - como seus "colegas" de peraltice do outro tradicional curso, uns e outros rebeldes sem causa, sem discurso e sem educação - se prestam a deixar sua marca, trazendo angústia aos que leem a bobajada sem sentido que é rabiscada, receosos do próximo porvir.


De alento, a limpeza da porquice alheia por universitários que nada tinham com o episódio, certamente constrangidos em ver maculado o curso a que confiaram sua formação, verdadeiro e grandioso gesto cidadão.
Oxalá sejam a regra e os "sujismundos" a exceção. Ao contrário do que disse o rapper, não são todos iguais. Ainda bem.


Fonte: Mogi News