quinta-feira, 2 de abril de 2020

INFORMAÇÃO: Folclore Político (CXXX) Disputa por placas de ruas

29 de março de 20204 min. - Tempo de leitura
Darwin Valente
Darwin Valente
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VETERANO Argêu Batalha, já falecido, foi um dos mais longevos assessores da Prefeitura mogiana: conhecia tudo que havia lá dentro. (Foto: arquivo O Diário)
Campanha acirradíssima deixou sequelas entre os principais adversários

No ano de 2004, o publicitário mogiano José Miguel Hallage representava, em Mogi, uma empresa da Capital especializada em sinalização de vias públicas. Como era ano de eleições municipais, ele dividia o seu tempo como marqueteiro da campanha de seu cunhado, o médico Luiz Carlos Gondim Teixeira, que duelava contra o então prefeito e candidato à reeleição, Junji Abe. A campanha, bastante pesada, deixou graves sequelas e, logo após a divulgação dos resultados, com Junji reeleito, uma das primeiras medidas do prefeito foi determinar a abertura de convites para empresas interessadas em realizar os serviços feitos, até então, pela firma que Hallage representava. Abertos os envelopes, uma nova empresa ganhou a licitação e tudo caminhava para que a forra contra o seu adversário de campanha se concretizasse. Não fosse um pequeno detalhe: sem ter alguém conhecido na cidade que pudesse cuidar dos seus serviços em Mogi, quem acabou contratado pela nova empresa? O próprio Hallage que, para surpresa do prefeito, continuou exercendo as mesmas funções. Por ordem expressa de Junji, coube ao chefe de gabinete, João Gilberto Moro, conduzir o empresário ganhador da concorrência até ele para discutir o assunto. Surpreso, o homem disse que desconhecia o problema político da cidade, mas que tomaria as devidas providências. Para Gilberto Moro sobrou uma carraspana daquelas que o prefeito costumava passar em quem contrariava suas ordens. Melhor para José Miguel Hallage que, desempregado e sem o comodismo do antigo emprego, foi à luta e hoje é um bem-sucedido dublê de publicitário e restaurateur, sócio-proprietário de um dos mais concorridos endereços gastronômicos de Mogi e de São Paulo, o Djapa, ironicamente especializado em comidas… japonesas.

Inocência

Competente, experiente, honesto e, acima de tudo, discreto, Argêu Batalha assessorou mais de uma dezena de prefeitos. Conhecia tudo na Prefeitura. Certa vez, um prefeito recém-empossado passou a chamá-lo com frequência acima do normal ao seu gabinete. Parecia querer algo, mas preferia conversa inútil, até que um dia, ele não resistiu e foi direto ao assunto: “Professor, estou há sete semanas no cargo. Como a gente faz para ganhar um dinheirinho aqui na Prefeitura?”

Difícil

Outra dele: dizem que um desalentado prefeito de Mogi estava de mal com a vida, quando decidiu pedir conselhos ao velho Argêu sobre a equipe de governo que não funcionava. “O que o senhor acha de seus assessores?” – indagou o conselheiro ao prefeito, que foi direto: “A metade não é capaz de nada e a outra metade é capaz de tudo”. Nem Argêu encontrou solução para o problema.

No grito

Historinha contada por Sebastião Nery: Nestor Duarte, deputado e escritor baiano, viajava pelo interior de seu Estado com o jornalista Nílson de Oliva. Conheceram um pistoleiro cego. “Como o senhor faz para matar sem ver?”. A resposta: “Ah, doutor, eu grito o nome do cabra. Quando ele responde, atiro um palmo abaixo do berro. Não erro um.”

Eleição

Candidato a vereador por insistência do amigo Waldemar Costa Filho, o mogiano Toninho Andari estava confiante nos resultados de sua campanha feita junto a seus incontáveis amigos, entre eles os frequentadores do Centro Espírita Caminheiros, onde costumava servir sopa aos carentes, semanalmente. Dias antes do pleito, Waldemar o chamou e disse: “Precisamos comprar uns 200 votos para você se eleger.” Ele se irritou: “Vou ganhar por conta de meu trabalho!” Perdeu a eleição por pouco mais de 150 votos.

Tem alguma boa história do folclore político da região para contar? Então envie para:

darwin@odiariodemogi.com.br

Fonte:O Diário de Mogi