quinta-feira, 2 de abril de 2020

‘Cuide da sua família e nos ajude a cuidar da cidade’, pede Ashiuchi

Prefeito de Suzano falou sobre ações no combate ao coronavírus e pede que suzanenses façam sua parte
Por Carolina Rocha - de Suzano02 ABR 2020 - 05h00

“Agora é o momento de estarmos juntos, batalhando numa guerra que é de todos contra o coronavírus”
Foto: Divulgação/Secop Suzano


O prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, concedeu entrevista ao DS na última segunda-feira (30), para falar sobre as ações no combate ao coronavírus na cidade. Ashiuchi também falou sobre a possibilidade de prorrogação da quarentena e das perdas econômicas da cidade durante esse período.

Diário de Suzano: Antes de falar das ações no combate ao coronavírus, nós recebemos a informação de que ocorreu a primeira morte por Covid-19 na região, que foi um senhor de 81 anos, morador da cidade de Suzano. 

Rodrigo Ashiuchi: Primeiro, só para deixar bem esclarecido, que o óbito não aconteceu na cidade de Suzano, mas sim em São Paulo. Eu o conhecia, conheço a família e conversei com eles depois que eu soube do ocorrido. Ele tinha histórico de insuficiência renal e problemas cardíacos, então o coronavírus foi um dos problemas que acarretou o falecimento dele, mas ele já tinha um histórico, tanto pela idade e os demais problemas de saúde. Ele faleceu no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, e por ele ser morador de Suzano, a morte entra para os números e estatísticas do município.

DS: Muitas ações em relação ao combate ao coronavírus têm sido feitas em Suzano. Domingo foi o primeiro dia em que os supermercados foram proibidos de abrir. Qual é o balanço que a prefeitura tem desse primeiro domingo? Os comerciantes acataram essa decisão?

Ashiuchi: Foram apenas dois casos de mercados que insistiram em ficarem abertos, mercados pequenos. Os grandes mercados, varejistas e atacadistas, entenderam a situação na cidade de Suzano. É importante frisar que essa medida foi tomada por alguns motivos. Um deles é que nós brasileiros vemos essa ida ao mercado também como um programa em família, então os supermercados estavam muito cheios, principalmente aos domingos. A gente espera que esse público seja diluído nos outros dias da semana. Outro motivo foi o de colocar normas por esse mesmo decreto, de espaçamento entre quem estiver nos caixas, proteção aos colaboradores, álcool em gel, máscara, ou aquela tela de acrílico. São vários fatores visando sempre a vida humana. 

DS: A quarentena na cidade foi decretada até o dia 7 de abril. Existe a possibilidade de prorrogar essa data? 

Ashiuchi: Depende dos números. É uma decisão que passa pelas mãos da prefeitura, mas ela tem um alinhamento com o Ministério Público, com a Câmara de vereadores, com a Associação Comercial, e também estamos vendo o posicionamento do governo estadual. Isso vai depender de vários fatores, mas no caso de Suzano, vai depender também do posicionamento da nossa equipe de Saúde e pelo seu comitê. O nosso intuito não é de prejudicar a economia, até porque a prefeitura depende dessa economia. Mas vamos fazer tudo com muito pé no chão e muita responsabilidade e prezando a vida. É hora de ser comedido, responsável, disciplinado e resolver da melhor maneira possível com Suzano fazendo sua parte.

DS: Recentemente recebemos a notícia de que o secretário de Saúde, Luis Cláudio Guillaumon estaria com suspeita de coronavírus, mas parece que o caso dele deu negativo. É isso mesmo?

Ashiuchi: Estamos monitorando principalmente todos os profissionais da área da saúde, que estão na linha de frente nesse processo. Existia uma possibilidade do nosso secretário ter o Covid-19, a gente pediu que ele ficasse afastado pelo final de semana observando e avaliando os sintomas. Ele fez o teste e deu negativo. Ela já vai retornar as atividades para combater esse mal que assola a cidade, o país e o mundo.

DS: O senhor anunciou na semana passada a criação de novos leitos na cidade. Como que isso vai funcionar na necessidade utilização desses leitos?

Ashiuchi: Vamos fazer uma estrutura na Arena Suzano, usando todas as suas salas e na quadra central. Vai virar uma grande referência nessa questão do coronavírus. A princípio, apenas na quadra central, nós vamos ter 40 vagas iniciais, com a possibilidade de chegar a 100 vagas dentro do complexo. O HC (Hospital das Clínicas), com a ajuda dos deputados estaduais e federais, estamos trabalhando para que seja aberto o quanto antes. O Hospital Regional de Suzano já assinamos o contrato com uma nova empresa, que está no processo de iniciar as obras no local. A Santa Casa adiantamos uma reforma que tinha no setor de fisioterapia, e vamos mudar temporariamente, o Pronto Socorro Adulto para lá, e até o final do semestre o PS Adulto vai começar a funcionar ali na Santa Casa mesmo. A UBS da Vila Amorim também está pronta, e nós só não abrimos ainda porque estamos usando todos os recursos humanos nessa questão do coronavírus.

DS: Qual a recomendação da Secretaria de Saúde quanto aos casos confirmados de coronavírus a cidade? Os funcionários têm acompanhado as famílias, como é feito esse acompanhamento?

Ashiuchi: O acompanhamento é padrão, feito por telefone. Essas pessoas estão em suas casas. A gente vê como está evoluindo o quadro de cada um, e caso haja uma piora, em uma questão respiratória, é tomada as devidas providências.

DS: Alguns comerciantes de Suzano são contra a quarentena. Inclusive na semana passada havia um protesto marcado, que acabou não acontecendo. O que o senhor teria a dizer para esses comerciantes?

Ashiuchui: Só peço aos comerciantes paciência para a gente não errar. Porque o erro nesse momento pode ser fatal, pode matar muitas pessoas, não só em Suzano como no Estado, como no país. A gente não pode ter os erros que outros países cometeram. Então nós estamos trabalhando com muito pé no chão aqui, com dados, com o pessoal da saúde monitorando constantemente. Estamos trabalhando também em sintonia com o Ministério Público, com a Associação Comercial e assim que tiver novidades, a gente vai repassando através dos veículos de comunicação para os comerciantes. Suzano não teve a manifestação, porque eu tenho um contato muito grande com os comerciantes. Então conversei com todos, eles entenderam o lado da prefeitura e estamos juntos.

DS: A Câmara Técnica de Finanças do Condemat (Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê) fez uma reunião recentemente e projetaram uma perca na arrecadação de impostos de 20% nos municípios do Alto Tietê. Suzano trabalha com essa mesma projeção?

Ashiuchi: Eles foram até conservadores. Acredito que vai ser bem mais que isso, até porque depois que parou tudo, até voltar a engrenar tudo novamente demora um pouco. A gente projeta o cenário ruim que vai vir pela frente, mas a nossa preocupação no momento é com a família e com a saúde. Obvio que tenho que ter pé no chão como gestor e administrador, mas não adianta cuidar da finança e não cuidar de quem traz a finança, e o maior bem da cidade que são as pessoas.

DS: Qual é a mensagem final para o morador de Suzano, que vai passar o aniversário da cidade em meio a essa questão que é o coronavírus?

Ashiuchi: Agora é o momento de estarmos juntos, batalhando numa guerra que é de todos que é contra o coronavírus. Essa guerra é de todas as religiões, de todas as classes sociais, é de todos sem tirar ninguém. Espero que todos estejam mais solidários, mais amigos. Hoje a gente não pode abraçar, e nem pegar na mão de alguém, mas podemos dar uma palavra amiga, estarmos juntos, sermos parceiros. Essa é uma das maiores crises da humanidade, não só do século XXI, mas da humanidade. A mensagem que quero deixar é que o maior presente que podemos dar para a cidade, é cuidar daqueles que ela mais ama. A maior riqueza de Suzano são os seus 300 mil habitantes. O que eu espero agora no aniversário de Suzano é que cada um cuide da sua família e nos ajude a cuidar da cidade.

Fonte:O Diário de Suzano