terça-feira, 16 de maio de 2017

CIDADES: Jovem mantida em cárcere privado pelo pai é libertada em Mogi

12 de maio de 2017  Cidades, QUADRO DESTAQUE  
Rosto da jovem tem manchas das queimaduras de cigarro. (Foto: Maiara Barbosa/ G1 Mogi e Suzano)
Rosto da jovem tem manchas das queimaduras de cigarro. (Foto: Maiara Barbosa/ G1 Mogi e Suzano)

NATAN LIRA
A Polícia Militar libertou na tarde desta quinta-feira (11) uma jovem, de 21 anos, após uma denúncia de que a menina era mantida em cárcere privado, pelo próprio pai, o segurança Marcos André da Rocha Nunes, 46 anos, há pelo menos dois anos, no Jardim Esperança, em Mogi das Cruzes. À polícia, a jovem disse não saber da existência de parentes e que não sofreu abuso sexual por parte do pai, mas confirmou ser vítima de maus tratos, fome, queimaduras com bituca de cigarro, além de uma facada na orelha, deformando-a totalmente. Ela também disse que se sentia aliviada pelo desfecho. O caso foi registrado no 2º Distrito Policial de Mogi, em Braz Cubas, como sequestro e cárcere privado. O pai foi preso em flagrante.

De acordo com o registro policial, os agentes receberam o chamado de uma dona de casa, de 25 anos, dizendo que no endereço informado havia uma pessoa encarcerada. Os policiais se dirigiram à casa e confirmaram que a jovem estava “trancada no local, sem iluminação, em condições impróprias e que não havia possibilidade de sair pois todas as portas estavam trancadas”, consta no boletim.


Indagada, a vítima disse aos agentes que chegou a passar fome, foi mau tratada, não frequentava a escola desde os 12 anos de idade e que morava com o pai desde a morte da mãe, em 2006.

Após a confirmação, outra viatura se dirigiu ao endereço do possível trabalho de Nunes, onde abordaram o suspeito e o levaram até a casa onde a jovem estava presa. A menina foi solta e os dois foram conduzidos ao DP. À polícia, o segurança confessou manter a filha trancada “para evitar que ela tivesse relação sexual com homens desconhecidos”  e alegando que “precisava trabalhar”.

A testemunha esclareceu, também na delegacia, que chegou a morar com o indiciado por aproximadamente cinco meses – período em que a sua mãe mantinha relação com ele. Ela conta que presenciou diversas vezes a vítima ser algemada e mau tratada. A mulher disse ainda que chegou a denunciar o caso, mas Nunes a ameaçava caso a polícia aparecesse.

Outra testemunha, de 52 anos, alegou ser o dono da residência alugada pelo pai da jovem há cerca de quatro anos, e que presenciou a utilização do imóvel como cativeiro. “A casa é bem fechada, há grades nas janelas e quartos na residência e nem energia elétrica possui”, trouxe a informação no texto do boletim de ocorrência.

A polícia requisitou perícia para o local dos fatos. Por a vítima desconhecer contato de parentes, ela deverá ser enviada a algum abrigo social da Cidade, por meio de assistente social.

Fonte:O Diário de Mogi