quinta-feira, 28 de junho de 2012

Homenagem Junji evoca grande legado dos imigrantes



DSC01225.JPGEm sessão solene pelos 104 anos da Imigração Japonesa no Brasil, deputado emociona plateia ao pregar que os valores morais são a principal herança a ser transmitida às gerações futuras 
A melhor forma de honrar a perfeita simbiose estabelecida entre dois povos tão diferentes, de lugares opostos no planeta, “é preservar e repassar às gerações futuras a altivez dos valores morais que são a grande herança deixada pelos imigrantes japoneses no País”, segundo o deputado federal Junji Abe (PSD-SP). “Este é o principal legado para a construção de um mundo melhor, mais justo e mais humano”, definiu, emocionando a plateia da Sessão Solene em homenagem aos 104 anos da Imigração Japonesa no Brasil, realizada na Câmara Federal.
  Filho e neto de imigrantes japoneses, Junji contou que, desde a infância, recebeu dos seus ancestrais a missão de “amar este País, de todo coração, ajudar o povo em tudo o que for possível e fazer mais pelo Brasil que os próprios brasileiros”. É o ensinamento que traduz gratidão à Nação que acolheu tantas famílias vindas do outro lado do mundo. Ao mesmo tempo, prosseguiu o parlamentar, demonstra o afeto por esta gente alegre, hospitaleira e carinhosa que passou por cima de todas as diferenças, não viu barreiras culturais e nem de idioma para interagir e estabelecer os laços que se consolidaram sob a linguagem universal da amizade.
“Mais do que palavras na mente da criança que fui, são princípios gravados na alma do homem que sou”, filosofou Junji, referindo-se aos ensinamentos transmitidos pelos seus ancestrais. Como descendentes de japoneses, alertou, “recebemos um legado cultural e espiritual que não tem preço” e precisa ser perpetuado.
Junji contou que, quando criança, ficava chateado com as brincadeiras dos amiguinhos que insistiam em se referir a ele como ‘japonês garantido no’. “Mais tarde, percebi que a expressão não era pejorativa. Sintetizava os conceitos de credibilidade, respeito e seriedade formados pelo povo brasileiro a respeito dos nipônicos”.
Graças à determinação dos ancestrais na missão de instrumentalizar comportamento dos descendentes no cotidiano, apontou Junji, “fomos preparados para ser patriotas, cidadãos dignos, cumpridores dos deveres”. Para exemplificar, citou a recente tragédia do vazamento radioativo na usina nuclear de Fukushima, quando o mundo assistiu, perplexo, à devoção de aproximadamente 100 homens, entre técnicos e voluntários, que decidiram correr risco de morte para salvar milhares de vidas. 
A Língua Japonesa acolhe expressões de profundo significado, que traduzem bem a formação cultural do povo nipônico e funcionam como bússola para nortear a postura do ser humano no lar e na sociedade. Ao fazer esta observação, Junji citou algumas expressões em japonês e seus respectivos significados.
Gaman (suportar, resistir), omêwaku (não incomodar),  mootainai (não desperdiçar), seikaku (pontualidade), yakussoku (compromisso), shinyô (credibilidade), doriyôku-ka (trabalhador), okaguessama (dar graças – a Deus ou a alguém), kenson (humildade) e gambarimashou (unidos avante) são algumas das expressões. De acordo com Junji, “interpretadas com a força das ações que representam, demonstram hábitos que precisamos difundir, honrando nossos ancestrais e tornando melhor e mais promissor o futuro dos nossos descendentes”.  
O contexto reforça a necessidade de cultivar a rica herança de valores morais dos ancestrais dentro de casa, como recomendou o deputado. “É no lar que começa o processo de formação do cidadão, daquilo que ele classifica como certo e errado, de suas crenças e filosofia de vida”. Junji elogiou o empenho das entidades nipo-brasileiras que se desdobram para manter vivas tradições e manifestações culturais japonesas.
Mão dupla
Vice-presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Japão, o deputado federal Junji Abe assinalou o histórico de colaboração mútua que marca os dois países ao longo destes 104 anos desde a chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao País. Dirigindo-se ao embaixador do Japão no Brasil, Akira Miwa, ele pediu que a autoridade levasse ao País do Sol Nascente a profunda gratidão do agronegócio nacional pelos financiamentos e tecnologias responsáveis por avanços sem precedentes, como o desbravamento do cerrado brasileiro e, por meio da Jica – Agência Japonesa de Cooperação Internacional, a autossuficiência na produção de maçãs.
Ainda expressando gratidão, Junji lembrou dos megafinanciamentos concedidos pelo governo japonês para a despoluição do Rio Tietê e da Baía da Guanabara, assim como o impulso à produção siderúrgica na Usiminas que contribuiu com o avanço tecnológico da Siderbras, elevando a qualidade do ferro, aço e derivados, insumos para a indústria nacional.
Como a cooperação é uma via de mão dupla, assinalou o deputado, “o Japão prescinde do Brasil que vem respondendo presente” como fornecedor de minérios e de produtos agrícolas como soja, café, algodão, suco de laranja, carne bovina e aves. Logo, completou ele, os japoneses também importarão etanol brasileiro para substituir as perigosas usinas nucleares.
As palavras de Junji tocaram fundo o público da cerimônia que também contou com homenagens prestadas a destacados representantes da comunidade nipo-brasileira. Além do embaixador, receberam  honrarias Massami Uyeda, ministro do STJ – Superior Tribunal de Justiça; Eduardo Mizumoto, Mitsutoshi Akimoto, Hatiro Shimomoto e Takumi Shimada.
Também participaram da solenidade, realizada nesta terça-feira (26/06/2012), o presidente do Grupo Parlamentar Brasil Japão, Luiz Nishimori (PSDB-PR), e os vice-presidentes Keiko Ota (PSB-SP) e Hidekazu Takayama (PSC-PR), além dos presidentes Akinori Sonoda, das Associações de Províncias do Japão no Brasil; Akira Fukano, da Fundação do Japão em São Paulo; Augusto Sakamoto, da Associação Totigue Kenjin do Brasil; Satoshi Murosawa, da Jica; Tatsuo Matsunaga, do Bunkyo de Brasília; e Célia Maria, da Associação de Ikebanas em Brasília; da coordenadora do Comitê de Gestão Socioambiental da Ecocâmara, Janice Silveira; do diretor geral da Câmara dos Deputados, Rogério Ventura; e do ex-presidente do Bunkyo de Brasília, Yukio Matsunaga, entre outras autoridades.


Mel Tominaga
Jornalista