terça-feira, 3 de abril de 2012

Usina de lixo em Mogi é viável


Júlia Guimarães
A implantação de uma "usina verde" para tratamento dos resíduos sólidos produzidos pelos municípios de Mogi das Cruzes, Salesópolis, Biritiba Mirim e Guararema é viável. Isso é o que indicaram os estudos iniciais sobre a viabilidade do empreendimento, que estão sendo realizados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) há cerca de quatro meses. A informação é da própria presidente da empresa, Dilma Pena, que concedeu entrevista a O Diário na última sexta-feira, durante o evento oficial da Agenda Metropolitana do Alto Tietê, realizado em Jundiapeba, no Paradise Golf & Lake Resort. Ela evitou dar grandes detalhes sobre o assunto, mas acabou fornecendo informações importantes, até então mantidas em sigilo, sobre o modelo da usina, a localização e o prazo de conclusão das pesquisas.


O pedido para realização dos estudos sobre a viabilidade de instalação da usina regional foi apresentada à Sabesp pelas próprias prefeituras. Em abril do ano passado, os prefeitos dos quatro municípios assinaram o protocolo de intenções para formação de um consórcio, durante reunião na sede da própria Companhia, na Capital. Na última sexta-feira, Dilma Pena informou a O Diário que os estudos de "pré-viabilidade" sobre a instalação da usina já foram concluídos e apresentados no início do último mês aos quatro prefeitos. "O estudo apontou que há uma alternativa técnica que é adequada para esta Região e que há uma viabilidade que precisa ser construída", disse.


Dilma Pena não indicou exatamente qual o modelo ideal. Porém, revelou que a futura usina será produtora de energia e vapor. Segundo ela, por este motivo, o empreendimento deverá ficar localizado nas proximidades do maior centro produtor de lixo e de grandes indústrias. As declarações deixam claro que a tendência é de implantação do projeto em Mogi das Cruzes, nas proximidades de um dos distritos industriais. Conforme a reportagem apurou, essa questão é fundamental no caso da produção de vapor, que não pode ser transportado em grandes distâncias para evitar o resfriamento (e sua consequente transformação em água).


Outra questão que fica clara é que a futura usina deverá ser de incineração, único modelo capaz de produzir energia e vapor. Segundo Dilma Pena, os estudos ainda estão sendo desenvolvidos para que sejam apontadas questões como custos e capacidade. Ela informou que dentro de seis meses as pesquisas deverão ser totalmente concluídas, para posterior apresentação às prefeituras e à sociedade. Confira abaixo os principais trechos da entrevista




Um dos maiores pleitos de Mogi das Cruzes e municípios vizinhos, junto à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), é quanto à construção de uma usina para tratamento de resíduos sólidos. Qual o atual andamento da reivindicação?


Nós fizemos estudos ao longo dos últimos quatro meses, que foram coordenados pelo nosso assessor Jean Negri. Nós apresentamos esse estudo de pré-viabilidade, técnico e econômico-financeiro, aos quatro prefeitos há cerca de três semanas. Eles consideraram que é um bom estudo de viabilidade e nós estamos avançando nesses estudos. Eu creio que a gente tenha um bom caminho para percorrer.




Então, esse estudo prévio apontou que há viabilidade?


O estudo apontou que há uma alternativa técnica que é adequada para esta Região e que há uma viabilidade que precisa ser construída. Naturalmente, nada nasce pronto. Mas, há uma condição de construir essa viabilidade.




E qual é o modelo ideal apontado nos estudos?


Eu acho que seria prematuro dizer isso agora porque a gente pode ainda ter ajustes importantes para fazer. Mas, o que eu quero dizer é que nós estamos trabalhando seriamente. Estamos, a cada passo, informando os prefeitos para que dentro de seis meses tenhamos uma coisa mais concreta, com números já testados e já conferidos, para apresentar para todos.




Já é possível falar em valores?


Não temos valores ainda porque é um estudo de pré-viabilidade. Mas, o caminho já está trilhado e acho que em pouco tempo poderemos apresentar um projeto mais concreto para a sociedade.


Há estudos também sobre a possível localização dessa futura usina. Essa questão está definida?


Não está definida a localização. O que temos definidos são alguns conceitos. Quanto mais próxima a usina ficar do maior centro de produção de lixo e do maior centro de consumo de energia elétrica ou de vapor, melhor a viabilidade.




Isso quer dizer, que o ideal seria instalar a usina em Mogi das Cruzes?


Não sei se o ideal é Mogi das Cruzes. Temos que ver. Isso também foi colocado na discussão. O que os prefeitos querem é resolver o problema. Então, há uma disposição e uma necessidade de resolver o problema. E a Sabesp está construindo isso junto com os prefeitos de Mogi das Cruzes, Salesópolis, Biritiba Mirim e Guararema.




Caso o projeto se concretize, essa seria uma iniciativa pioneira da Sabesp?


Nos já fizemos estudos para a Baixada Santista. Na minha gestão como secretária (de Estado do Saneamento e Energia, no último Governo) eu criei um grupo para estudar isso e inclusive contratamos consultoria. E o Jean Negri foi quem coordenou esse trabalho todo. Então, temos conhecimento do assunto. Agora, cada realidade tem que ter seu estudo específico. E é isso que estamos fazendo.


Fonte:O Diário de Mogi