união Grupo da indústria organizado pelo Ciesp Alto Tietê se reúne na Cidade pouco antes de seguir para Capital; Região lota 10 ônibus
SÍLVIA CHIMELLO
ESPECIAL PARA O DIÁRIO
De mãos dadas, empresários, trabalhadores, sindicalistas, estudantes e até alguns políticos se uniram ontem para dar coro a um grande manifesto contra a política econômica do Governo Federal. Os representantes do Alto Tietê se somaram as mais de 200 mil pessoas, que participaram do "Grito de Alerta em Defesa da Produção Nacional e do Emprego", denominação do protesto realizado em frente à Assembléia Legislativa de São Paulo, contra o processo de desindustrialização que vem ocorrendo no País.
A Região marcou presença com a participação de cerca de 600 manifestantes, que se dirigiram para a Capital em 10 ônibus completamente lotados.
O pacote anunciado pela presidente Dilma Rousseff (PT) às vésperas do protesto não foi suficiente para acabar com a mobilização dos manifestantes, que querem medidas mais efetivas para tentar reverter a situação e garantir a produção industrial, que há muitos anos vem perdendo a competitividade no mercado e amargando as consequências de uma política fiscal ultrapassada.
De acordo com o gerente regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Manoel Camanho, a participação de todas as regiões foi o maior demonstrativo da força dos setores produtivos do Estado. "Isso demonstra que toda a classe acordou, que a hora é essa e não vamos mais aceitar as medidas impostas pelo governo, que estão provocando uma crise sem precedentes no setor industrial", declarou.
A principal preocupação dos empresários, de acordo com Camanho, refere-se ao retrocesso que vem sendo observado no setor, que pode refletir em uma grave crise no futuro. Ele explica que com as dificuldades impostas pela alta dos juros e dos tributos cobrados, as indústrias estão cada vez mais perdendo mercado e se tornando cada vez menos competitivas.
Um dos maiores concorrentes do Brasil, segundo ele, é a China, que apresenta um modelo muito mais moderno em todos os sentidos, "tanto na questão dos incentivos, dos custos de produção, dos investimentos em educação e formação de mão de obra, entre outros benefícios que contribuem com o barateamento do produto".
"A consequência disso vai ser o aumento do número do desemprego no Brasil, com previsões alarmantes para o futuro", observa, dizendo que está cada vez mais difícil contratar um trabalhador, já que em função dos valores cobrados pelo governo, o empresário gasta quase que o dobro do salário apenas com encargos trabalhistas. Isso sem falar dos impostos sobre os preços dos produtos. Na opinião do gerente, o pacote lançado pelo governo apresentou apenas soluções "paliativas", que vão causar "pouco impacto" no setor.
O presidente do Ciesp e da Fiesp, Paulo Skaf disse que mesmo tendo sido positivas, as medidas não resolvem o problema mais grave que é a falta de competitividade no Brasil. Ele disse que "ficou muito caro produzir no Brasil com a supervalorização do real, com os altos juros, com os custos da energia, dos transportes e logísticas", analisou.
Entre as principais medidas do pacote está a desoneração de alguns setores, ações para facilitar o crédito e maior acesso a linhas de créditos.
Fonte:O Diário de Mogi