quinta-feira, 5 de abril de 2012

Cobrança Gondim critica saúde estadual: "R$ 10 milhões são insuficientes"


Ele confirmou ainda que no próximo dia 13 irá acompanhar o secretário estadual de Saúde em visita a hospitais
Noemia Alves
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho

Gondim: "Um centro de tratamento de câncer de qualidade ficaria muito mais caro. É preciso mais"
A implantação de um centro de tratamento de pacientes com câncer no Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi, nos próximos cem dias, é uma promessa impossível de ser cumprida pelo governo do Estado, segundo o deputado estadual Luiz Carlos Gondim Teixeira (PPS). Ele, que é médico ginecologista, mas que cursou um ano de Oncologia no Hospital AC Camargo, informou que são necessários ao menos 12 meses para a conclusão de todos os serviços de adequação no prédio, compra de equipamentos e autorização de órgãos competentes para funcionamento da radioterapia. Gondim também disse que os R$ 10 milhões são insuficientes para tais finalidades. 
"Um centro de tratamento de câncer de qualidade ficaria muito mais caro. Só o aparelho de radioterapia, por exemplo, custa pouco mais de R$ 3 milhões, e tem ainda o sistema simulador, de braquiterapia. É preciso muito mais", declarou Gondim, em entrevista ao Mogi News. 
O deputado estadual fez duras críticas ao governo estadual durante solenidade na última sexta-feira quando foi inaugurado o Ambulatório Médico de Especialidades (AME). Segundo Gondim, o que ele fez foi um desabafo. Ele confirmou ainda que no próximo dia 13 irá acompanhar o secretário estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri, em visita a hospitais de Mogi e região a convite do próprio secretário. Confira a entrevista:


Mogi News: Durante a inauguração do Ambulatório Médico de Especialidades (AME), na última sexta-feira, o senhor fez duras críticas ao sistema de saúde regional. Isso significa que o senhor, agora, faz parte da oposição ao governo do Estado?
Luiz Carlos Gondim Teixeira: De maneira alguma. Na verdade, foi mais um desabafo de uma situação real em que se encontra a saúde de Mogi das Cruzes e dos demais municípios do Alto Tietê. Sou amigo do governador Geraldo Alckmin (PSDB), é verdade, mas, antes, sou um representante do povo na Assembleia Legislativa. Fui eleito graças ao voto de cidadãos do Alto Tietê e de outros municípios do Estado e, portanto, sou a voz do que eles pensam e necessitam. E, no momento, pedir mais atenção do governo do Estado para os problemas na saúde era o que eles desejavam e que o governador Geraldo Alckmin precisava saber. Afinal, há meses envio ofícios para a Secretaria de Saúde e também para a Casa Civil relatando problemas de superlotação no hospital de Ferraz de Vasconcelos, falta de especialista no Santa Marcelina, em Itaquá, além do Luzia de Pinho Melo e até a Santa Casa de Mogi. A resposta sempre foi a mesma, que estava tudo bem e que essas reclamações eram infundadas. E se estava tudo "tão bem" e nada de o governador se pronunciar, significava que o Alckmin não sabia o que estava acontecendo, de que não tinha ciência da situação da saúde em Mogi e região. Na chegada dele, no dia da inauguração do AME, e pouco antes de eu fazer o discurso, avisei que faria algumas reclamações e pedidos. E por sermos também amigos é que precisei dizer a verdade. O pior cego é aquele que não quer ver. E amigo verdadeiro não é aquele que te aplaude sempre e dá tapinha nas costas, mas sim aquele que faz isso, mas também te aponta a realidade, por mais dura que ela seja. 


MN: O senhor não achou que isso pudesse prejudicá-lo politicamente?
Gondim: De maneira alguma. Afinal, quem vota em mim é a população e não o governador. Ainda mais porque, depois daquela situação, o Alckmin determinou que o secretário de Saúde (Giovani Guido Cerri) me recebesse com urgência, em São Paulo. Nos reunimos ontem (anteontem) justamente para tratar dessas questões.


MN: E qual foi o resultado desta reunião?
Gondim: O secretário (Giovanni Guido Cerri) confirmou a existência de problemas nos hospitais do Alto Tietê e prometeu realizar uma reformulação na saúde da região, a começar pela realização de um processo seletivo para contratação de 120 médicos para o Hospital Osires Coelho, em Ferraz de Vasconcelos, além de ajudar nas obras de implantação do Pronto Atendimento em Itaquaquecetuba e também adotar medidas para levar mais especialistas ao Hospital Santa Marcelina. O problema que temos enfrentado, segundo o secretário, vem da falta de investimentos das prefeituras do Alto Tietê em Pronto-Atendimento. Com isso, os hospitais da região, que deveriam atender casos de alta e média complexidade, ficam superlotados porque atendem casos de baixa complexidade. Isso precisa mudar e é necessário para que os hospitais possam retomar as cirurgias.


MN: E os hospitais de Mogi, Luzia de Pinho Melo e Arnaldo Pezzutti Cavalcante, em Jundiapeba, terão melhorias?
Gondim: Vão receber os investimentos para ampliação, conforme anunciou o governado Geraldo Alckmin, na última sexta-feira. Isto é, R$ 10 milhões para implantação de um centro de câncer no Luzia de Pinho Melo e outros R$ 17 milhões para o Dr. Arnaldo Pezzutti. 


MN: Na avaliação do senhor, esses recursos são suficientes? 
Gondim: De maneira alguma. Ainda mais em se tratando de equipamentos para tratamento de câncer. Só o aparelho de radioterapia, sem contar a sala de braquiterapia ou simulador (que é obrigatório), tem necessidade de R$ 3 milhões. Isto sem contar nas obras de adequação, cirurgia, leitos. Aliás, cem dias para realizar todas as adequações necessárias e obter autorização de órgãos competentes, como Ministério da Saúde e Vigilância, mesmo em se tratando do governo do Estado, é um prazo impossível de se cumprir. Fiz um ano de Oncologia no AC Camargo e sei que essas coisas não são se resolvem da noite para o dia. É um ano, no mínimo. E até lá, muitos pacientes irão morrer, infelizmente. O tratamento, na minha opinião, até lá, deveria ocorrer no Centro Oncológico e Hospital do Dr. Flávio Isaías. Mas o secretário está irredutível, vai realizar o descredenciamento do SUS, o que, na minha opinião, é uma atitude muito enérgica. Esse caso não deveria ser levado a ferro e fogo.


Fonte:Mogi News