terça-feira, 20 de março de 2012

Tiroteio deixa 4 mortos na França



TOULOUSE
Um motoqueiro abriu fogo com duas pistolas na manhã de ontem contra as pessoas que estavam na frente de uma escola judaica em Toulouse, no sul da França, matando a tiros um rabino, dois filhos do professor e uma aluna. O atirador usou armas de calibre 45 para fazer a chacina e fugiu em uma moto. A polícia francesa iniciou uma caçada pelo matador.


O tiroteio em frente à escola se segue a dois ataques contra soldados franceses que aconteceram na semana passada, em Montauban e em Toulouse, que deixaram três mortos. No total, o motoqueiro atirador já teria deixado sete mortos. Um adolescente de 17 anos ficou gravemente ferido ontem.


O ministro do Interior da França, Claude Guéant, disse ao jornal "Le Monde" que existem "os elementos que colocam seriamente a questão de existir uma ligação" entre os três ataques.


O ataque ocorre em meio à plena campanha eleitoral. O presidente Nicolas Sarkozy, que tenta a reeleição em 22 de abril, visitou Toulouse e foi à escola Ozar Hatorah. "Esse é um dia de tragédia nacional porque crianças foram mortas a sangue frio", disse Sarkozy, ao denunciar a "selvageria" do ataque e prometendo levar à Justiça o assassino ou os assassinos. O principal candidato da oposição, François Hollande, do Partido Socialista (PS), também visitou Toulouse.


"Eu tenho que estar aqui para prestar minha solidariedade à cidade de Toulouse e dizer que não foi apenas uma escola judaica que foi atingida, foi a cidade e também a França inteira", disse Hollande.


O ataque de ontem poderá ter consequências políticas na França, país que tem a maior comunidade judaica da Europa, cerca de 500 mil pessoas. Toulouse, maior cidade do sul após Marselha, tem 440 mil habitantes, dos quais entre 10 mil e 15 mil são judeus, disse Jean-Paul Amoyelle, presidente da rede de escolas judaicas Ozar Hatorah no sul francês.


"Nós estamos com raiva que algo desse tipo possa acontecer. Eu não esperava que esses crimes de ódio ocorressem aqui na França", disse o aposentado Claude Kilian, um morador que vive perto da escola. Houve reação internacional ao atentado.


O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse em comunicado que é muito cedo para determinar o que está por trás da violência - ao contrário do que ocorreu recentemente na Índia e na Tailândia, quando ataques ou tentativas de ataques a alvos israelenses levaram Israel a acusar rapidamente o Irã. "Mas é impossível descartar que essa operação não tenha sido motivada por um violento antissemitismo", disse Netanyahu.


Testemunhas disseram que o motoqueiro parou a moto na frente da escola, pouco após às 8h da manhã, e desceu atirando. Os estudantes se preparavam para entrar na escola para o começo das aulas. Nicole Yardeni, chefe do conselho local das Instituições Judaicas da França, disse que ela teve a oportunidade de ver alguns vídeos feitos por câmeras de celulares, antes deles serem entregues à polícia.


"O homem desceu da moto e começou a atirar. As pessoas caíam; ele entrou no jardim e agarrou uma menina. Ele colocou a arma na cabeça da criança e atirou", disse Yardeni.


O Vaticano disse que o ataque contra a escola foi algo "hediondo", enquanto em Washington o governo dos Estados Unidos disse que os EUA se juntam ao governo francês ao "condenar esse ato ultrajante de violência". Em Paris, a promotoria pública abriu uma investigação sobre terrorismo a respeito dos três ataques. A promotoria disse que os três atentados parecem ter sido premeditados e com o objetivo de ameaçar a ordem pública.


Fonte:O Diário de Mogi