sexta-feira, 30 de março de 2012

Como fica Pacientes com câncer querem mais explicações sobre novo atendimento


Aqueles que precisam do tratamento para a doença na região têm receio de como serão atendidos no Luzia
Noemia Alves
Da Reportagem Local
Mayara de Paula

Elisane não quer o Luzia: "É tudo muito burocrático e demorado"
A decisão da Secretaria de Estado da Saúde em iniciar o processo de descredenciamento do Hospital do Câncer "Dr. Flávio Isaías Rodrigues" do Sistema Único de Saúde (SUS), divulgada na edição de ontem do Mogi News, gerou revolta dos pacientes que precisam do tratamento para a doença na região. Muitos deles demonstraram, em conversa com a reportagem, muita desconfiança no futuro atendimento que será dispensado pelo Hospital Luzia de Pinho Melo, unidade indicada pelo governo do Estado para assumir os serviços e servir de nova referência ao tratamento de câncer na região. 
"Foi uma péssima decisão, que, aliás, deve atender interesses políticos. Não vejo outra explicação. Porque ouvir a população, que realmente precisa e tem interesse no serviço, isso não aconteceu", criticou Meire César Veiga, de 56 anos. Há dois anos lutando contra um câncer no estômago e outro no esôfago, ela diz ter utilizado dos dois serviços; o Luzia de Pinho Melo e o Hospital do Câncer. "Se tivesse de escolher, seria o Hospital do Câncer, sem sombra de dúvidas. Além de ser um local mais amplo, bem equipado, o serviço é infinitamente mais completo e ágil. Lá, os exames não demoram meses para serem marcados e sim dias ou, no máximo, duas semanas. E não meses ou até anos, como acontece em algumas especialidades do Estado. Além disso, há a questão humana: desde faxineira ao médico, todos dão uma atenção completa, te vêem como pessoa. Ao contrário do Luzia, pois em 2009, quando descobri a doença, tive de aguardar por uma tomografia do abdômen, fiquei três noites e dois dias numa maca, no corredor, sem banho ou qualquer tipo de assistência", completa Meire, que está apreensiva com o futuro do seu tratamento. "Até hoje (ontem) estava tudo certo para eu continuar com o tratamento no Centro Oncológico, ia fazer quimioterapia e, quando meu organismo estivesse mais restabelecido, faria uma cirurgia. Mas agora, com esse posicionamento do Estado, em descredenciar o Hospital do Câncer, não sei o que fazer. Para o Luzia, eu não volto. Vou para São Paulo, fazer vaquinha para particular, mas para lá eu não quero mais, é muito desumano", diz. 
Elisane Corrêa Machado, de 31, tem a mesma opinião. Moradora da Vila Natal, ela descobriu em junho passado ser portadora de um câncer na mama esquerda. Porém, o tratamento com mastologista só teve início seis meses depois, em novembro de 2011. "É tudo muito burocrático e demorado", diz ela, que iniciou o tratamento em Itaquá e mais tarde foi encaminhada para o Hospital Pérola Byington, na capital. "Se a intenção do Estado é regionalizar o serviço e levar a um local estruturado, por que não o Hospital do Câncer? Lá o atendimento é especializado. No Luzia, os pacientes com câncer que precisassem de atendimento de urgência teriam de aguardar com demais pacientes no Pronto Socorro, isso não é o correto", diz.




Contraponto
A dona de casa Janete Catarina Garcia, de 54, por sua vez, acredita que a transferência de tratamento do Hospital do Câncer para o Luzia de Pinho Melo pode ser benéfica. "Desde que seja diferenciado, isto é, um atendimento exclusivo aos pacientes com câncer em alguns setores, não vejo problema de transferir o atendimento ao Luzia. Fiquei internada lá por 15 dias e recebi um ótimo tratamento. Hoje, minha filha tem de tratar de câncer e quando fica com febre precisa ir para São Paulo porque não pode ficar em lugares com aglomeração de pessoas, para não ter infecção. Se for em separado, pode até ser bom", diz.


Fonte:Mogi News