quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Runner tem mais queixas na Polícia


DANILO SANS


O 1º Distrito Policial recebeu, novamente, uma movimentação atípica ontem. Durante todo o dia, diversos alunos da academia Runner, que foi despejada na segunda-feira do Mogi Shopping, foram à Delegacia registrar Boletim de Ocorrência (B.O.) para impedir que os valores em poder da empresa não sejam descontados.


O químico Paulo Henrique de Oliveira, de 29 anos, explica que parcelou no cartão de crédito o contrato anual da academia, mas só conseguiu usufruir por dois meses. "Amanhã deveria cair a segunda parcela, mas vou ligar hoje na administradora para tentar o cancelamento do desconto", conta.


Ele diz que, no final da tarde, entrou em contato com a empresa, mas não recebeu nenhuma definição. "Só falaram que iriam se reunir e dar uma resposta na próxima segunda-feira, dia 13".


Com dois cheques em poder da empresa, a dona de casa Zilda Silva Ferreira Alves, de 50 anos, teme que o desconto bancário seja feito sem que ela possa utilizar os serviços. "Vou querer a devolução dos seis meses que eu tinha pago, já que no contrato eu arcaria com o valor de um ano e ganharia mais este tempo", informa.


Apenas na terça-feira, dia posterior ao despejo, o delegado Boanerges Braz de Mello, assistente do Distrito Central, contabilizou 30 atendimentos a clientes da academia. Ontem, no entanto, o movimento era bem mais intenso. Apenas no período da tarde, cerca de 20 pessoas faziam fila para o registro. "Estou aguardando mais alguns dias para que todos os boletins sejam feitos para poder dar início ao inquérito", conta o delegado.


Proprietário


O proprietário da franquia instalada no Mogi Shopping, Leandro Japequino Peixoto, acusa o centro de compras de quebrar um acordo firmado justamente para evitar o pedido de despejo.


O empresário fala que já precisou negociar com o shopping há dois anos, quando uma dívida por falta de pagamento de alugueis alcançou R$ 600 mil. "Essa eu paguei, mas depois comecei a cobrá-los sobre os comprovantes de água e luz que eles não prestavam conta", diz.


Para ter acesso aos documentos, o proprietário da franquia entrou com um processo na Justiça e parou de pagar os cerca de R$ 40 mil mensais referentes aos custos de aluguel da área, condomínio, água e luz. No entanto, ele informa que voltou a quitar os débitos, de cerca de R$ 200 mil, em junho do ano passado.


De junho a dezembro, uma nova dívida começou a ser gerada, desta vez no valor aproximado de R$ 220 mil. "No final do ano, me ameaçaram de despejo. Foi quando a gente fez um novo acordo, que eu estava pagando", explica.


O despejo, de acordo com Peixoto, se deu porque o shopping ignorou o acordo e deu prosseguimento ao processo judicial. "Isso já foi sacanagem. Fizeram bem na hora que a academia estava mais cheia. Foi minutos depois de eu pagar o acordo, num banco em Campinas. Mesmo com o mandado de despejo, eles deveriam ver que eu estava pagando e não executar", lamenta.


Peixoto afirma que deve reabrir em breve a academia e garante que não descontou nem vai descontar nenhum pagamento enquanto o local permanecer fechado, e que os funcionários continuarão recebendo seus salários.


Ontem pela manhã, ele também registrou um B.O., mas contra o shopping. "Eu quero ter acesso aos meus computadores, que ficaram presos, para começar a ligar a todos os alunos dando explicações sobre o ocorrido", fala.


A detentora da marca Runner mantém o que diz a nota enviada à imprensa na noite desta quarta-feira, informando que os trâmites legais sobre o futuro da unidade serão solucionados até segunda-feira, dia 13, e que já está tomando as providências necessárias para que alunos e funcionários tenham seus direitos preservados. A empresa não descartou a possibilidade de reabertura da filial mogiana.


A assessoria de imprensa do Mogi Shopping foi procurada para comentar as queixas, mas não retornou o contato.


Fonte:O Diário de Mogi