domingo, 19 de fevereiro de 2012

Memória Carnaval de antigamente era feito para o povo se divertir e brincar


Na década de 60, os bailes, além de estarem na moda, eram a única opção de lazer para quem ficava na cidade
Jamile Santana
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho

Alegria, alegria: maestro Zezinho relembra, com muito saudosismo, o carnaval de décadas passadas
Qualquer pessoa que tenha vivido a sua juventude em Mogi das Cruzes na década de 60 é unânime em dizer: os bailes carnavalescos e o próprio carnaval de rua exerciam uma espécie de força mágica nas pessoas. Os clubes, como o extinto Itapeti Clube, na praça Firmino Santana; o Salão do União, que ficava na rua Barão de Jaceguai; e o Salão da Portuguesa, viviam lotados nos quatro dias de folia. E não era para menos. Afinal, eram nesses ambientes que a cidade toda se encontrava e onde, inclusive, surgiam as "paixões de carnaval". Para José Maria Ramos, conhecido como maestro Zezinho, estes locais lhe rendem ótimas recordações. 
Hoje, o maestro ainda se aventura nos bailes de carnaval, mas reclama da quantidade de eventos que são realizados. "Antes, os bailes ocorriam nos quatro dias de carnaval e até na Quarta-feira de Cinzas. Atualmente, só fazem um baile por carnaval. O costume é outro. Há 20 anos que vem ocorrendo essa mudança", comentou. 
Na década de 60, os bailes, além de estarem na moda, eram a única opção de lazer para quem ficava na cidade durante a Folia de Momo. Eram quase três mil pessoas "pulando" no carnaval. E, apesar do grande volume de gente, o maestro garante: "Não tinha bebedeira, não tinha bagunça. As pessoas iam para aproveitar as músicas, dançar e cantar as marchinhas. Era um baile puro. Todo mundo brincava e se divertia bastante". 
Em cima do palco, maestro Zezinho e a sua banda cantava sucessos, como "Pirata da Perna de Pau", "Mamãe Eu Quero", "Nataguara na Cabeça" e "Me Dá um Dinheiro Aí". "Eu me lembro de tocar em dois ou três bailes de carnaval por época. Animávamos os bailes carnavalescos em Mogi, mas também íamos para outras cidades, como Suzano e Jacareí. Era muita festa". 
Depois de ver o carnaval se perder com o passar do tempo e os blocos, como o "Ki Calor" e "Ki Frio", serem extintos, o maestro Zezinho e o atual diretor social do Clube de Campo de Mogi das Cruzes, Wilson Cury, decidiram tentar resgatar os anos dourados do carnaval, promovendo bailes com os sucessos das décadas de 50 e 60. 
O primeiro deles foi realizado há 11 anos, numa quinta-feira. Quase 180 pessoas participaram do evento. "Depois disso, vimos o baile crescer ano a ano. Isso foi muito legal, além de satisfatório, porque pudemos resgatar uma parte daquele público que era acostumado com os bailes. Também tivemos a oportunidade de apresentar esta época tão gostosa para os mais novas. Os foliões curtiam as marchinhas e começaram, até, a separar as suas fantasias. "Bons tempos que não voltam mais".


Atualmente, maestro Zezinho e a sua orquestra toca no Rádio Clube de Santos e o forte da banda é interpretar sucessos das décadas de 50, 60, 70 e 80: "Acabei de voltar de uma viagem que fiz a Santos para ensaiar os músicos. Eu me sinto muito honrado de ainda tocar, de poder, de alguma forma, participar do carnaval. Sempre gostei das marchinhas. O carnaval de hoje é muito diferente. Mais bagunçado, talvez". 


História
Nascido em 27 de julho de 1930, na cidade de Ariado (Minas Gerais), maestro Zezinho começou a aprender trompete aos 8 anos, na Orquestra de Airado, na época regida por seu avô, Nikanor Vieira Ramos, que reunia no grupo 17 netos. O primeiro trabalho profissional do maestro Zezinho foi em 1947, quando ele tinha 18 anos, na Rádio Marabá. No meio radiofônico, ele se destacou, também, na Bandeirantes e na Tupi.  
Na televisão, o maestro começou a ficar conhecido na Record, onde permaneceu por 22 anos, tocando nos programas "Cine Urupema" e "Alegria dos Bairros". Em 1982, ele foi contratado pelo SBT e passou a trabalhar diretamente com o apresentador Silvio Santos no programa "Qual é a Música?".


Fonte:Mogi News