domingo, 19 de fevereiro de 2012

Hospitais apostam na filantropia


SÃO PAULO
Graças ao certificado de filantropia e ao reconhecimento como hospitais de excelência conquistado em 2008, Sírio-Libanês, Albert Einstein, Oswaldo Cruz, Hospital do Coração (HCor), Samaritano e Moinhos de Vento deixaram de recolher quase R$ 1 bilhão de encargos trabalhistas nos últimos três anos. Em troca, realizaram cerca de 135 projetos de apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). Alguns deles, afirmam especialistas, suprem carências importantes da rede pública. Falta, no entanto, um foco mais definido para o conjunto.


Entre as iniciativas mais ambiciosas estão a tentativa de criar centros captadores e transplantadores de órgãos fora da Região Sudeste, a implementação de bancos públicos de sangue do cordão umbilical, o desenvolvimento de diretrizes para tratar doenças raras ou que usam medicamentos de alto custo e o apoio às equipes que prestam atendimento de urgência em todo o País.


Mas os hospitais também incluíram no rol da isenção fiscal trabalhos que já desenvolviam antes do convênio com o Ministério da Saúde - que não necessariamente correspondem às prioridades do SUS.


Um exemplo é o programa assistencial que o Einstein realiza há 30 anos na comunidade de Paraisópolis, zona sul da capital. Além disso, há iniciativas restritas a um único bairro de São Paulo, como o de rastreamento de câncer colorretal feito pelo Oswaldo Cruz na Mooca, zona leste.


Ao analisar o conjunto do trabalho feito nesse primeiro triênio, o professor da Faculdade de Saúde Pública da USP Oswaldo Tanaka diz ficar evidente a falta de um plano estratégico por parte do ministério.


"Consigo sentir claramente o interesse de cada hospital e o que seus grupos de médicos têm motivação para fazer Mas tenho a impressão de que o governo está na mão do setor privado. Não tem critério para dizer sim ou não. E é muito dinheiro envolvido nessa parceria para não ter foco", opina.


Adail Rollo, diretor do Departamento de Economia da Saúde, Investimento e Desenvolvimento do ministério, diz que o primeiro triênio foi uma fase de transição. "Teve projetos de alcance local e de abrangência sistêmica. Mas criamos mecanismos para melhorar o alinhamento dos projetos nos próximos anos."


Uma das estratégias foi a definição de cinco eixos temáticos com os quais os programas do próximo triênio deverão estar relacionados: manejo das urgências, apoio à gestação e recém-nascidos de alto risco, atenção ao câncer e às doenças crônicas, ampliação da rede de transplante e aprimoramento da gestão dos hospitais públicos.


Além disso, os hospitais ficaram agora obrigados a apresentar uma carta consulta ao ministério, que pode ou não aprovar a proposta. Antes, a negociação ocorria de forma fragmentada dentro da pasta.


Fonte:O Diário de Mogi