sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Em crise Santa Casa poderá suspender serviços


Com déficit orçamentário estimado em R$ 5,3 milhões, provedor do hospital de Mogi ameaça demitir funcionários e reduzir o atendimento
Noemia Alves
Da Reportagem Local
Mayara de Paula

Na reunião, vereadores, secretário-adjunto e provedor discutiram os problemas da Santa Casa, que não consegue recursos suficientes
O provedor da Santa Casa de Mogi das Cruzes, Mário Calderaro, estuda a possibilidade de suspender, ainda neste semestre, o atendimento de alguns serviços médico-hospitalares, além de promover corte no quadro de funcionários. 
A medida extrema, segundo ele, é resultado de uma nova crise financeira atravessada pela instituição. Dos cerca de R$ 3,2 milhões mensais faturados, em média, pelo hospital, com atendimento em pronto-socorro, maternidade e ambulatório, sempre faltam R$ 340 mil. Com isso, o déficit orçamentário do hospital, que até dezembro passado era de R$ 4,705 milhões, subiu nos últimos dois meses para R$ 5,385 milhões. Não bastasse isso, os cerca R$ 140 mil mensais que até algum tempo atrás costumavam ser repassados pelo governo do Estado em razão do programa Pró-Santa Casa, como ajuda de custo, não foram depositados na conta do hospital e não há garantia de que a unidade possa contar com esses recursos no decorrer deste ano. 
Os números que prenunciam mais uma fase turbulenta na filantrópica foram divulgados ontem pela diretoria da Santa Casa, durante audiência pública na Câmara. Calderaro atribui grande parte do déficit aos gastos para manutenção de profissionais e assistência na UTI Neonatal, além da prestação de serviços a pacientes de outros municípios.


"Dos 400 mil atendimentos realizados entre outubro e dezembro do ano passado, 63% foram em pacientes de outras cidades do Alto Tietê e até da Grande São Paulo, enquanto 37% eram de pacientes de Mogi, onde mantemos vários contratos de prestação de serviços. Embora a Santa Casa seja referência regional para alguns serviços, como ambulatório e maternidade, o repasse do SUS é insuficiente, necessitaria de um complemento dos municípios", diz. 
"Além disso, nossos colaboradores têm feito pressão para melhorias trabalhistas e para aumento de salário e que não temos como arcar. Só para se ter ideia, nos últimos dois meses para cá tivemos de fazer um acréscimo no salário dos profissionais da UTI e também do pronto-socorro que representam um incremento de R$ 78 mil na folha de pagamento. 
No final do ano passado, para pagar o 13º dos 685 funcionários, foi preciso fazer empréstimo bancário para cumprir a legislação trabalhista. Em suma, da forma como está, é difícil continuar. Teremos de implantar um plano de redução de custos e isso inclui tudo: prestação de serviços, quadro de pessoal", detalhou Caderaro, que anteontem se reuniu com o secretário-adjunto da Saúde, Marcello Delascio Cusatis, para discutir o problema.


"O plano de redução de custos é o que a Santa Casa terá de elaborar e cumprir e, se ainda houver déficit, vamos ver o que a Prefeitura poderá fazer. De qualquer forma, vamos encaminhar o relatório às outras prefeituras da região que também precisam colaborar", comentou Cusatis. 
O presidente da Comissão Especial de Vereadores, Francisco Moacir Bezerra de Melo Filho (PSB), o Chico Bezerra, avaliou o problema como "gravíssimo". "Não é de hoje que a Santa Casa enfrenta problemas financeiros, mas o que foi apresentado revela que ao trabalhar sempre no vermelho pode levar a uma situação caótica com consequências graves para os pacientes, que podem ficar sem atendimento. Diante disso, o governo do Estado precisa olhar para os hospitais que trabalham com o SUS e fazer repasse de recursos em valores equivalentes ao mercado", disse. 
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que a renovação do programa Pró-Santas Casas está em fase de definição junto às secretarias municipais paulistas, que financiam 30% do valor do repasse extra aos hospitais filantrópicos.


Fonte:Mogi News