quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

PM fica até julho na cracolândia



MEDIDAS Coronel Camilo anuncia uma série de normas que devem ser seguidas pelos policiais militares


SÃO PAULO


A ocupação da região da cracolândia e de bairros do entorno por policiais militares vai durar pelo menos mais seis meses. Nesse período, 287 homens permanecerão no local, com apoio de 117 carros e 26 motos, além de bicicletas, cavalos, cachorros e do helicóptero Águia - normalmente, o efetivo é de 28 agentes, divididos em dois turnos.


A afirmação foi dada ontem pelo comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, que anunciou também uma série de normas que devem ser seguidas pelos policiais. São regras do tipo: "a postura deve ser enérgica sem demonstração de agressividade, porém ostensiva e desestimuladora" e "dependentes químicos têm a opção de buscar tratamento adequado, fornecido pelos órgãos assistenciais e de tratamento".


"O objetivo neste primeiro mês é diminuir a atuação dos traficantes. E, nos seguintes, a PM fica para garantir trabalhos de saúde e assistência social. No segundo semestre, avaliaremos se é o caso de diminuir o efetivo", afirmou Camilo.


Os planos da PM é manter 120 homens vindos do Comando de Policiamento da Capital, concentrados nas ruas da cracolândia. Outros 152 são do Policiamento de Choque e vão fazer rondas permanentes nos bairros vizinhos para tentar evitar a migração dos usuários no entorno. Ainda participam da operação 12 bombeiros.


Para orientar esses homens, a PM está fazendo preleções diárias. O governo também proibiu a PM de usar bombas de efeito moral e balas de borracha contra usuários. O Estado mostrou ontem que um tiro de borracha da boca da jovem B., de 17 anos, se tornou o primeiro boletim de ocorrência de tortura da operação.


Em audiência na Câmara Municipal na tarde de ontem, que contou com participação de políticos, entidades de direitos humanos e moradores de rua, a Defensoria Pública do Estado disse ter enviado à secretária de Estado da Justiça, Eloísa Arruda, pedido de mudança em procedimentos classificados como abusivos.


"Não somos contrários à operação, mas aos meios que vêm sendo adotados. Não se pode abordar uma pessoa e levar para a delegacia só por falta de documento. Isso é um desrespeito total à Constituição", disse o defensor Carlos Weiss. "A segurança pública já foi feita. Agora queremos saber do governo quando começa a abordagem social e de saúde na região".


Vereadores e deputados também dispararam críticas. E devem fazer amanhã à noite caminhada na região. "Parte da população clama por segurança. Temos do outro lado uma sociedade que não quer excessos da polícia", disse o presidente da Câmara, José Police Neto (PSD).


Fonte:O Diário de Mogi