sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Dilma reestuda compra de caças


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BRASÍLIA


A presidente Dilma Rousseff disse ontem, durante o encontro com o primeiro-ministro francês, François Fillion, que poderá voltar a discutir a compra dos 36 caças, dentro do programa FX-2, no ano que vem.


Explicou ainda que, este ano, o assunto precisou ser adiado, em função das fortes restrições orçamentárias, que levaram o governo a cortar R$ 50 bilhões em seu orçamento, no início do ano. A decisão de voltar a tratar sobre a compra de caças, no entanto, estará na dependência da melhoria da situação econômica internacional - já que a prioridade do Brasil é de manter restrições nos gastos públicos, para o país se manter protegido da crise externa.


"A presidente explicou a ele que enfrentou restrições orçamentárias este ano", afirmou o assessor especial da presidente, Marco Aurélio Garcia, ao "Estado". Segundo ele, na conversa, Dilma informou ainda que "no ano que vem, vamos voltar a tratar do assunto".


O fato de Dilma ter feito questão de dar uma satisfação ao primeiro-ministro francês, acenando com a retomada do processo de compra para a Força Aérea Brasileira, no ano que vem, é alentador para aquele país, já que, na semana passada, o ministro da Defesa francês, Gérard Longuet, admitiu que, se não houver compra do caça por outros países, a Dassault poderá deixar de fabricar o Rafale.


A notícia provocou um furor no mercado de defesa e o ministro francês, mais tarde, justificou que o fabricante do caça, a Dassault, deixaria de produzi-lo a partir de 2018. Depois, porém, citou ano de 2030 como a possível data para o fim da produção da aeronave.


Em 7 de setembro de 2009, após reunião no Palácio da Alvorada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Sarkozy divulgaram nota conjunta apontando para a escolha do modelo francês, em detrimento do americano e o sueco.


Só que o impasse sobre o alto preço cobrado pela Dassault pelo Rafale emperrou o negócio, que ficou parado desde então. O governo brasileiro tem avisado que só voltará a tratar deste tema com o fim das dificuldades orçamentárias, sem sinalizar datas, apesar dos problemas de sucateamento enfrentados pela frota aérea nacional.


Os Mirages, que fazem a defesa aérea do Brasil, deixam de operar em 2014. Nos discursos oficiais, após as reuniões a portas fechadas, nem a presidente Dilma, nem o primeiro-ministro francês fizeram referência ao projeto FX-2, que prevê a compra de caças. Com o Rafale, o custo do projeto completo poderia chegar a US$ 10 bilhões - cerca do dobro do pacote oferecido pela sueca Gripen. O projeto norte-americano do F-18 ficaria em um preço intermediário.


"Queremos construir uma verdadeira indústria nacional de defesa no Brasil e as parcerias com a França, em todos os setores, devem se inserir nesse objetivo e na ampliação de nossas capacidades e tecnologia", discursou Dilma, se referindo às parcerias entre Brasil e França na construção de helicópteros e submarinos.


A presidente afirmou, ainda, que "a França é uma parceira fundamental do Brasil tanto do ponto de vista econômico, quanto político", acrescentando que "a área de defesa é um dos pilares da parceria estratégica" entre os dois países.


Fonte:O Diário de Mogi