quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dilma defende Estado palestino

Em seu discurso na 66ª sessão da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidente Dilma Rousseff saudou o Sudão do Sul, mais novo membro a ingressar na ONU e lamentou não poder saudar da tribuna o ingresso da Palestina. "O Brasil, assim como a maioria dos países dessa Assembleia já reconhece o Estado palestino como tal É chegado o momento de termos a Palestina representada aqui a pleno título."


Na sua avaliação, este reconhecimento é um direito legítimo do povo palestino. "O reconhecimento da Palestina ampliaria a paz duradoura no Oriente Médio", frisou, destacando que apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender os anseios por paz, segurança e estabilidade política em seu entorno regional. E citou que no Brasil, descendentes de árabes e judeus são compatriotas e convivem em harmonia.


A presidente defendeu também o acordo global para combater a mudança climática. "Para tanto, é preciso que os países assumam responsabilidades que lhes cabe. E acreditamos que os países desenvolvidos cumprirão as metas que o Protocolo de Kyoto estabeleceu até 2012."


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também disse que apoia um Estado palestino, porém ressaltou que é preciso que palestinos e israelenses cheguem a um acordo quanto a suas divergências. Um pouco mais tarde, Obama teve uma reunião com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que chegou ontem a Nova York. O mandatário dos EUA terá outra reunião ainda ontem com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.


"Há um ano, eu fiquei diante desse pódio e pedi uma Palestina independente. Eu acreditava então, e acredito agora, que o povo palestino merece um Estado próprio", disse Obama. Porém o presidente norte-americano também apontou que, "no final das contas, são israelenses e palestinos - não nós - que precisam chegar a um acordo sobre os temas que os dividem". "São eles, israelenses e palestinos, não nós, que precisam viver lado a lado", disse Obama.


A delegação palestina não gostou do discurso de Obama. Ele mostrou solidariedade a Israel e não mencionou a volta dos milhões de refugiados palestinos.


Abbas pretende pedir amanhã à ONU que reconheça a Palestina como membro do organismo internacional. Os EUA e Israel são contrários à mobilização diplomática, dizendo que é preciso haver um diálogo bilateral para resolver o impasse no Oriente Médio.


Obama citou entre as divergências a questão das fronteiras, da segurança, refugiados palestinos e o controle de Jerusalém. Obama deve pedir formalmente a Abbas que desista da iniciativa da ONU, durante reunião ontem. Caso o tema seja votado no Conselho de Segurança, os EUA, membros permanentes no CS e com direito de veto, já prometeram derrubar a iniciativa.


Abbas, segundo assessores palestinos, deverá repetir a Obama que não desistiu de fazer o pedido de adesão, mas está pronto a negociar com Israel se houver uma base sólida para isso.


"A paz no Oriente Médio precisa de um fim imediato na ocupação militar de Israel", disse o negociador palestino Nabil Abu Rudeina. Ele afirmou que os palestinos estão pronto a voltar a negociar no "minuto" em que Israel reconhecer as fronteiras da Palestina pré-1967, quando Israel anexou após a Guerra dos Seis Dias a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Segundo Rudeina, também é necessário que Israel suspenda imediatamente as construções dos colonos judeus nos assentamentos na Cisjordânia.


Um assessor graduado de Abbas, Saeb Erekat, disse que o presidente palestino não aceitará atrasos no pedido de adesão da ANP à ONU. "Nós não permitiremos nenhuma manobra sobre essa questão", disse Erekat. Com Obama ao seu lado, Netanyahu disse que o pedido palestino "não terá sucesso". Netanyahu também elogiou Obama.


O presidente da França, Nicolas Sarkozy, pediu um ano de prazo para Israel e os palestinos chegarem a um acordo definitivo de paz.


Fonte:O Diário de Mogi