quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Economia Empresários temem crise americana


Há algumas fábricas na cidade que já trabalham com rentabilidade praticamente zero nas exportações
Willian Almeida
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho

Costa: "Acho que é bem-vinda uma desvalorização do real"
A crise econômica nos Estados Unidos e o risco de o país entrar em recessão preocupam empresários de multinacionais de Mogi das Cruzes. Representantes da Ponsse Latino Americana, da Höganäs e da NGK já admitem estado de atenção ao acompanhar a situação americana. Até agora, não houve reflexos. 
Há fábricas da cidade que já trabalham com rentabilidade praticamente zero nas exportações, resquício da situação econômica mundial e da supervalorização do real e a queda do dólar.


Se ainda não houve nenhum reflexo dessa crise nas fábricas da cidade, elas já passam a operar com o sinal de alerta ligado. Para algumas empresas da cidade, ainda não é possível saber se a crise que afeta também países da Europa, como Itália, Espanha e Grécia vai trazer transtornos às operações no Brasil, o que não muda a necessidade de acompanhar de perto esse desenrolar.


O caso da NGK é um destes. De acordo com o gerente Mauro Calabrez, os danos da crise de 2008 obrigam atenção neste ano. "O maior faturamento da empresa é no mercado de reposição. Ainda não conseguimos avaliar se haverá reflexos para nós, mas, com certeza, vamos acompanhar a especulação de mercado e pedir que a área de vendas analise isso. A crise de 2008 refletiu na redução de mão de obra e despesas. Estamos atentos", afirmou.


De olhos abertos para o que pode acontecer fora e dentro do Brasil, o presidente da Ponsse na América Latina, Cláudio Costa, também admite problemas com a crise, embora entenda ser bem-vinda uma desvalorização da moeda brasileira. "Temos uma preocupação muito grande realmente porque estamos diante de uma recessão que afeta os principais mercados. O mercado está dividido. Também pode começar a ter limitação de crédito no Brasil para a compra de equipamentos. De qualquer forma, acho que é bem-vinda uma desvalorização do real porque a moeda valorizada está afetando o mercado e estamos perdendo competitividade", afirmou. No caso da Ponsse, as despesas em real já estão maiores às com o dólar e o euro.


A perda da competitividade também é criticada pelo diretor-financeiro da Höganäs mogiana, Eurípedes Guardia. "Essa valorização do real frente ao dólar tem nos trazido diversos problemas e perda de competitividade. Por conta da elevação dos nossos custos, as exportações ficam mais difíceis. Em 2008, tínhamos um volume de 20% dos produtos exportados e em 2011 não vamos chegar nem a 10%. A rentabilidade que era razoável, hoje é praticamente zero", disse. Segundo ele, quando a unidade mogiana foi criada, havia um objetivo de tornar o Brasil um pólo exportador. "Hoje nós não conseguimos exportar mais porque o custo em dólar é maior que o custo de outras regiões. Hoje é mais caro produzir no Brasil do que nos Estados Unidos e Europa", completou.




Entidades
Para o diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) Alto Tietê, Milton Sobrosa, os níveis de emprego podem ser afetados. "Com essa tendência de recessão nos países desenvolvidos, o risco que corremos é de uma invasão ainda maior de produtos importados. Portanto, se o governo não mexer na política cambial, e nada indica que isso vá acontecer, teremos problemas sérios e o agravamento da situação poderá, a curto ou médio prazo, comprometer a empregabilidade na indústria, que é responsável por 20% do PIB e é o segundo maior empregador", disse.


Fonte:Mogi News