quinta-feira, 23 de junho de 2011

PMDB muda discurso sobre Copa


SENADO A mudança de tom foi simbolizada pelo presidente do PMDB, o senador Valdir Raupp (RO)


BRASÍLIA
Um dia depois de contestar o sigilo nas licitações de obras da Copa do Mundo de 2014, o PMDB começou a mudar o discurso. Ontem lideranças peemedebistas no Senado deram declarações de que o partido deve seguir a orientação do Palácio do Planalto e votar a favor da Medida Provisória que propõe o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), cujo teor permite ao governo manter sobre sigilo o valor estimado de obras e contratações durante o processo de licitação para a Copa.
A mudança de tom foi simbolizada pelo presidente do PMDB, o senador Valdir Raupp (RO). "Não existe sigilo. O texto busca apenas evitar o conluio de empresas no momento da licitação", afirmou.
O partido mudou de postura política após o movimento ordenado pela presidente Dilma Rousseff para que os peemedebistas fossem procurados para discutir a proposta. Ontem pela manhã, Dilma convocou uma reunião de emergência, não incluída na agenda, com os ministros Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, Ideli Salvatti, Relações Institucionais, e Orlando Silva, Esporte.
No encontro de uma hora, os ministros relataram a Dilma que já haviam procurado o comando do PMDB. Ideli, inclusive, distribuiu um estudo para a bancada peemedebista. A presidente pediu então aos ministros que seja mantida a posição de aprovar o texto atual do RDC nem que seja preciso a visita oficial deles ao Senado para explicar a proposta.
Os ministros Orlando Silva e Ideli Salvatti, por exemplo, conversaram com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Informaram a Dilma que Sarney amenizou as declarações dadas por ele contrárias à proposta. Na segunda-feira, Sarney afirmou que o Senado não iria concordar o sigilo do valor estimado durante a licitação.
O senador teria dito aos ministros que se atrapalhou nas respostas a jornalistas e sinalizado que estaria disposto a seguir a orientação do governo. O Palácio mandou o recado de que fará esforços para atender aos pedidos de nomeações de cargos feitos pelo partido. Foi o que Ideli Salvatti disse a Sarney num jantar na noite de terça-feira. O PMDB cobra pelo menos 48 indicações.
O líder do governo no Senado, o peemedebista Romero Jucá (RR), foi outro que passou a agir em sintonia com o Palácio.
Já o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), disse que a aprovação do RDC "dependerá do poder de convencimento" do governo para a bancada do seu partido. Na avaliação interna do governo, os ataques à Medida Provisória por parte parlamentares têm sido estimulados por setores empresariais contrários a ideia.
"Na nossa opinião, a crítica real feita ao sigilo na licitação vem por parte de setores econômicos, empresas que estão acostumadas a combinar preços previamente", disse o ministro Orlando Silva.
A presidente Dilma pediu aos ministros que haja esforço na conclusão da votação da Medida Provisória na Câmara para que o tema seja enviado ao Senado e tenha sua votação concluída rapidamente no Congresso. Se for necessário, o Palácio do Planalto também deve sinalizar vontade de negociar a proposta do senador Aécio Neves (PSDB-MG) que muda o rito da tramitação das medidas provisórias.

Fonte:O Diário de Mogi