quinta-feira, 26 de maio de 2011

Para salvar Palocci, Dilma cede e suspende kit anti-homofobia

Para salvar Palocci, Dilma cede e suspende kit anti-homofobia

Bancada evangélica ameaçou apoiar ida do ministro ao Congresso caso cartilha continuasse sendo produzida

25 de maio de 2011 | 17h 52

BRASÍLIA - Assustado com a ameaça feita na noite desta terça-feira, 24, no plenário, de convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, caso o governo não retire de circulação o chamado "kit anti-homofobia", o governo decidiu receber as bancadas religiosas no Planalto e anunciar a suspensão de divulgação de qualquer material sobre o tema. Essas decisões foram anunciadas nesta quarta-feira, 25, pelo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, logo depois do encerramento de uma conversa com parlamentares das bancadas evangélica, católica e de defesa da família.
Sob forte pressão da oposição, Palocci vem sendo cobrado a dar explicações sobre a rápida evolução do seu patrimônio, que se multiplicou por 20 nos quatro anos em que o ministro exerceu mandato de deputado federal.
Gilberto Carvalho anunciou que a presidente Dilma Rousseff determinou a suspensão da produção de vídeos e cartilhas contra a homofobia e mandou suspender a divulgação do que já havia sido distribuído. Os ministros da Educação, Fernando Haddad e da Saúde, Alexandre Padilha, serão chamados ao Planalto para conversar sobre o caso.
"A presidente assistiu ao vídeo, não gostou e vai conversar com os ministros. Ela achou que o vídeo era impróprio para o seu objetivo. Não se trata de uma posição só de aparências. A presidente tem as suas convicções e acha que o material é inadequado. Ela foi muito clara nesse sentido e determinou que esse material não circule oficialmente por parte do governo", declarou Gilberto Carvalho, confirmando a informação dos deputados evangélicos. Abaixo, um dos vídeos que fariam parte do material:

Os parlamentares evangélicos já haviam transmitido a indignação da presidente Dilma sobre o material que trata de homofobia. Os deputados Anthony Garotinho (PR-RJ), Ronaldo Fonseca (PR-DF), e o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG) consideraram que o material se tratava de "uma apologia ao homossexualismo". Disseram que "trazia cenas e desenhos de sexo anal e oral", com "uma didática muito agressiva" e se mostraram "preocupados com a maneira virulenta com que esse material está sendo apresentado".
Apesar da pressa do Planalto em receber os parlamentares e atender ao pedido de suspensão das publicações e dos vídeos, Gilberto Carvalho disse que "não houve recuo" do governo em relação à política de discussão sobre homofobia e que "não tem toma lá, dá cá".

Fonte:O Estado de S.Paulo