quinta-feira, 26 de maio de 2011

PMDB mostra poder no Congresso

PMDB mostra poder no Congresso

BRASÍLIA
O Código Florestal mostrou o poder de fogo do PMDB no Congresso. A votação praticamente unânime do partido contra a orientação da presidente Dilma Rousseff foi um recado claro para o governo: o PMDB tem seus próprios interesses, é parceiro e não aceita ser tratado como "empregado" do Palácio do Planalto. A rebelião peemedebista já se transferiu para o Senado.
Depois de derrotar o governo e o PT na Câmara, o PMDB do Senado decidiu enfrentar o Planalto e vai indicar o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) para relatar o Código Florestal em duas comissões e no plenário da Casa. Ex-governador de Santa Catarina e considerado alinhado com os ruralistas, Luiz Henrique anunciou ser favorável à emenda aprovada na Câmara que concede anistia a quem desmatou Áreas de Preservação Permanente (APPs) às margens dos rios e encostas até 2008, contrariando posição do governo.
A proposta foi apresentada pelo PMDB e apoiada pela maioria dos partidos aliados e de oposição da Câmara. A presidente Dilma Rousseff considerou a emenda uma "vergonha", segundo informou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Mesmo assim, a base aliada não se intimidou: dos 273 votos favoráveis à emenda, 184 foram dados por deputados governistas. O PMDB votou em peso contra o governo, enquanto o PT ficou ao lado do Planalto.
A votação do Código mostrou, que apesar de numericamente forte, a base de Dilma a abandonou. De nada adiantou a presidente procurar os governadores e acionar os ministros para tentar convencer os deputados a votar com o governo. Em seu discurso, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que os ministros não deveriam interferir na votação do projeto. "Antes de serem ministros, são companheiros de partido. Não constranjam a minha bancada", afirmou o peemedebista.
O discurso do líder teve dois destinatários. Para os deputados, ele se cacifou como principal candidato à presidência da Câmara, em 2013, além de mandar o recado de que o PMDB não se curvará automaticamente ao governo. Foi o próprio Henrique que na votação do salário mínimo subiu à tribuna para garantir que todos os votos seriam a favor do Planalto. Na época, ele alertou que a unidade do partido poderia ser usada contra o governo.
E foi o que ocorreu na madrugada de ontem quando 98,63% da bancada votaram contra a orientação de Dilma. "Mostramos que estamos unidos. Hoje foi o dia do contra", disse um interlocutor peemedebista.
Com o discurso enfático, Henrique também tentou evitar o "crescimento" de uma eventual candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP) à presidência da Câmara junto aos deputados. O comunista, que já foi presidente da Casa, passou a ser cotado para voltar ao cargo depois de ter elaborado um relatório para o projeto de Código Florestal que agradou tanto governistas quanto a oposição.
O processo de votação do Código teve ainda como efeito colateral o enfraquecimento dos interlocutores de Dilma no Congresso. O líder Vaccarezza conseguiu se indispor com a base e não conseguiu derrubar a emenda do PMDB que dá anistia aos desmatadores. Por sua vez o líder do PT, Paulo Teixeira (SP), mostrou-se fraco e sem o controle da bancada.


Fonte:O Diário de Mogi