quarta-feira, 30 de março de 2011

A decisão da PM

A decisão da PM

Uma decisão do secretário de Estado de Segurança Pública, Antônio Pinto Ferreira, e do comandante-geral da Polícia Militar, Álvaro Camilo, afastou o tenente-coronel Paulo Roberto Madureira Sales do comando do 17º Batalhão, como é praxe, logo após graves denúncias como as que recaem contra quatro policiais de Mogi das Cruzes, acusados de terem desaparecido com o jovem Alan Patrick Soares, de 17 anos, dia 12 último.
Em situações dessa natureza é normal a demissão do comandante. O fato investigado pela Polícia Militar não invalida o trabalho desenvolvido pelo tenente-coronel, que esteve à frente de seus comandados, mesmo no trabalho de rotina.
O ex-comandante imprimiu um ritmo de trabalho de fôlego, tirando os policiais de dentro da sede da corporação, ampliando o número de homens nas ruas, alterando escalas de atuação administrativa justamente para tornar presente, na vida da Cidade, a Polícia Militar.
Executou uma estratégia de quem conhece a fundo os principais problemas da violência em toda a Região do Alto Tietê.
Por ser da Cidade, fortaleceu o relacionamento com o poder público municipal – sem o quê, o controle da criminalidade em diversos pontos da Cidade seria ainda mais complicado.
É a Prefeitura que turbina os salários dos policiais e garante a manutenção da frota de veículos nas ruas, em uma parceria muito mais presente do que a exercida pelo próprio Governo do Estado.
Não se trata de eximi-lo das responsabilidades sobre o comportamento de seus liderados, acusados por testemunhas pela morte do adolescente, cujo corpo ainda não encontrado.
A denúncia é uma das mais graves entre as registradas contra a Polícia Militar regional nos últimos anos. E os acusados precisam mesmo ser tratados com todo o rigor da lei.
Outro elemento a se destacar na passagem do tenente-coronel por Mogi das Cruzes foi o tratamento a legítimas cobranças da população, sem maquiagem.
O comando que encerra gestão não se furtou, em diversas oportunidades, em apontar as falhas na legislação, e as dificuldades em mapear a violência e na manutenção de um canal de comunicação com a população.
Ele apontou, sem papas na língua, causas da violência como o descomprometimento da sociedade civil.
Que os novos indicados para os cargos de comando sigam cartilha semelhante: o passado mostra que a indicação de oficiais sem qualquer ligação com a Região costuma ser temerária.
As mudanças no comando do 17º Batalhão não podem recrudescer a atuação da corporação.


Fonte:O Diário de Mogi