quarta-feira, 19 de agosto de 2020

COVID-19: Dez respiradores estão sem uso no hospital Dr. Arnaldo Pezzuti

 16 horas atrás3 min. - Tempo de leitura

Eliane José

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SONHO A ocupação de ala do Centro de Reabilitação Dr. Arnaldo, em Jundiapeba, é esperada desde 2017. (Foto: arquivo)

Recebidos no mês passado, os dez respiradores encaminhados para o Centro Especializado em Reabilitação Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti, no distrito de Jundiapeba, estão guardados. Representantes da Associação Hospitalar Beneficente do Brasil (AHBB) Rede Santa Casa, que iniciaram alguns contatos com o Governo do Estado para operar os 60 novos leitos para o tratamento da Covid-19, deixaram a unidade alguns dias atrás, para surpresa dos funcionários que chegaram a se animar com a possibilidade de abertura das vagas, sobretudo as da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O antigo hospital-colônia completou 92 anos neste mês, e é tombado como patrimônio histórico.

Questionada, a Secretaria de Estado da Saúde não responde sobre o processo de instalação dos leitos anunciados em maio passado e repete que a unidade poderá suprir “eventuais necessidades de ampliação de leitos para assistência aos pacientes com a doença”. Procurada, a AHBB não retornou à reportagem.

O Diário acompanha os desdobramentos do anúncio sobre a ativação desses leitos há anos. Primeiro, a ala foi reformada para se dedicar ao tratamento da dependência química e psiquiatria. Os quartos foram mobiliados com camas, as paredes ganharam nova pintura. Essa história já dura algum tempo, quando a demanda por atendimento a dependentes químicos cresceu, pressionando o poder público a receber esses pacientes.


Em 2017, por exemplo, o Governo do Estado anunciou um investimento de R$ 2,2 milhões para a instalação de 60 leitos para internações breves. O setor passaria a ter 82 vagas.

Com o tempo, o lugar continuou contando com os 22 leitos iniciais. O plano foi sendo esquecido. Até maio último quando uma das apostas para o enfrentamento da Covid-19 passou a ser a abertura de 60 vagas, sendo uma parte delas, de UTI.

Com o recuo da curva de internação nos hospitais públicos, o projeto para o Dr. Arnaldo foi minguando, apesar de alguns passos terem sido dados. Os dez respiradores chegaram à unidade e uma organização social, a Rede Santa Casa, que atua em UTIs em diversas cidades, confirmou a possibilidade de assumir a empreitada.

Inclusive, foram feitos contatos para a seleção dos profissionais que poderiam trabalhar na nova ala. Dias atrás, no entanto, essas pessoas receberam a informação de que o plano não seria mais tocado em frente.

Outro complicador foi um erro no dimensionamento dos espaços existentes no prédio que iria receber os leitos de UTI, o que exigiria uma metragem maior para acomodar os equipamentos.

Essas informações, O Diário reuniu por meio de fontes da área da saúde. Oficialmente, a Secretaria de Estado da Saúde repete que segue monitorando o tratamento à Covid-19 e destaca o conforto existente com o quadro hospitalar atual do Alto Tietê – que possui 636 leitos SUS voltados para Covid-19, sendo 453 de UTI, e a demanda registrada neste momento da pandemia.

No domingo, a taxa de ocupação das vagas regional era de 57%, e de enfermaria 41%. Indagada pontualmente sobre o futuro dos respiradores, a secretaria não respondeu.

E o futuro dessa ala no Dr. Arnaldo? Boa pergunta. De concreto segue o sonho de colaboradores do tradicional hospital mogiano de potencializar a capacidade física do Centro de Reabilitação considerado como uma unidade de retaguarda para pacientes crônicos, e responsável por serviços reconhecidos por serem altamente específicos. Um exemplo: o atendimento a crianças e adultos que dependem da estrutura hospitalar para viver e são assistidos no programa “Quando a UTI é uma Casa”, aberto há 13 anos.

Fonte:O Diário de Mogi