segunda-feira, 22 de junho de 2020

ENSINO: Educadores descobrem potencialidades da educação a distância

21 de junho de 20206 min. - Tempo de leitura
Larissa Rodrigues

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MODERNIDADE Na avaliação da Diretoria Regional de Ensino, o método de ensino saiu do ano 1800 e foi para 2000 em um curto período. (Foto: divulgação)
Por enquanto, o futuro da Educação – seja ele no âmbito público ou particular – ainda é uma incógnita. O governador João Doria (PSDB) informou que o calendário de retomada das aulas presenciais deverá ser apresentado na próxima semana, mas que o retorno não deve se concretizar tão rapidamente. Por isso, a dirigente de Ensino de Mogi das Cruzes, Estela Vanessa de Menezes Cruz, diz que é essencial trabalhar com “o hoje”, efetivando uma busca ativa pelos estudantes, a ampliação dos meios de acesso para eles e a qualificação dos trabalhadores.

A Secretaria Estadual da Educação lançou, no início de abril, o aplicativo Centro de Mídias (leia mais nesta página) e aumentou os canais de transmissão de aulas, chegando à televisão – pela TV Educação –, YouTube e redes sociais. “Agora nós precisamos ir em busca dos alunos para que eles estejam juntos conosco, além de qualificar os professores junto às equipes gestoras para que eles possam dar subsídios ao ensino. Já que estamos trabalhando em cima de carga horária, é necessário qualificar essas horas”, comenta a dirigente.

Esse conjunto de fatores traz ainda uma série de ganhos para o ensino e Estela acredita que este ano não poderá ser considerado “perdido”, tendo em vista que o setor se viu obrigado a passar por um avanço para o qual vinha sendo preparado havia muito tempo, mas que nunca foi colocado em prática. Ela dá como exemplo os profissionais que se negavam a incluir as tecnologias no aprendizado, mas que hoje se viram obrigados a passar por essa modernização.


 “Eu costumo dizer que a gente saiu do ano de 1800 e foi para 2000 em um período de tempo muito curto. As pessoas se negavam a passar por isso porque não gostavam de computador e hoje não existe mais essa opção, porque é uma necessidade. Muitas vezes, a sala de aula tinha um computador disponível para o uso do professor, mas ele não sabia ou não queria mexer. Agora, ninguém vai poder dizer que não tem acesso a esses equipamentos”, reforça.

O uso da internet não é o único ponto agregador nisso tudo. A dirigente afirma que essas mudanças colocam o aparato tecnológico como prioridade, mostrando para as pessoas que ter um celular não é um luxo, mas sim um investimento. O próximo passo, ela acredita, será aprender a se controlar com o uso de tudo isso, tendo de comedir as ações que foram adotadas em meio à necessidade.

Com a dificuldade de acesso por uma parte significativa dos estudantes, Estela conta que foi surpreendida positivamente com todo o empenho dos diretores e vice-diretores para que o ensino chegasse a um número cada vez maior de alunos. Ela explica que quando os materiais didáticos começaram a ser distribuídos, os professores e coordenadores estavam em férias ou recesso e, por isso, o apoio dos diretores foi fundamental.

“Nas situações adversas, a gente acaba se resinificando e redescobrindo coisas que poderiam estar ocultadas e uma delas foi essa questão da ação das equipes gestoras com os estudantes. A gente tem notado um esforço muito grande para que educação remota chegue aos estudantes. Isso é fundamental para que esses alunos tenham o apoio e incetivo que precisam”, frisa.

Uma nova relação entre família e escola

Uma nova relação entre familiares de alunos e as escolas é um dos legados que a suspensão das aulas presenciais deverá deixar para a Educação. É nisso que acredita a dirigente de ensino de Mogi das Cruzes, Estela Vanessa de Menezes Cruz. Com os estudantes em casa desde meados de março, essa aproximação entre os responsáveis e as instituições preciso acontecer, o que foi positivo na visão da educadora.

“A gente tem recebido muitas mensagens das famílias que estão percebendo esse esforço por parte das escolas, o que me faz pensar que vai existir um olhar positivo pós-pandemia para o que realmente significa essa instituição. A gente não vai mais ser visto como um inimigo ou adversário. E sim como profissionais que realmente querem ajudar na formação desses jovens”, afirma a dirigente.

Hoje, ela acredita que os responsáveis já perceberam até mesmo a importância de atualizar o cadastro nas unidades escolares, que costumam ser o último lugar a receber essas informações, já que isso foi necessário para receber os benefícios do Governo e os materiais didáticos.

Neste trabalho conjunto, a dirigente lembra que o apoio dos familiares é importante também dentro de casa, onde os jovens estão estudando atualmente. É necessário que eles incentivem o estudo, além de colaborar com um cronograma e com uma rotina e uma possível disponibilidade de ferramentas como o celular.

“O que não pode acontecer é os responsáveis se sentirem pressionados a ensinar, porque cada um tem seu papel e eles não são professores. Por isso, nós não podemos enviar uma atividade ao estudante que dependa do responsável para ser feita. É necessário dar o apoio, mas sem sentir esse peso”, finaliza Estela.

Centro de Mídias produz os conteúdos

Para permitir que os 3,5 milhões de alunos da rede estadual de São Paulo tenham aulas durante a quarentena, o Centro de Mídias SP mantém a proposta pedagógica já adotada por meio do currículo paulista. Dentro dos aplicativos e nos canais digitais TV Educação e TV Univesp, há conteúdo para todos componentes curriculares da educação infantil até o ensino médio.

A interação, seja por vídeo ou chat, é um dos destaques das ferramentas, já que o objetivo é garantir o engajamento do aluno. Para os alunos do ensino médio há ainda a possibilidade de interações mais constantes e ativas por meio de vídeos e enquetes. Em algumas aulas, por exemplo, os professores pedem que os alunos mostrem os trabalhos que estão fazendo em casa por meio da câmera do celular.

Para todas as etapas de ensino existe também o conteúdo “mão na massa”, que incentiva os estudantes a realizarem trabalhos manuais e proporem soluções para problemas reais.

Formação

Os professores que integram o Centro de Mídias SP passam por uma capacitação. A formação prevê orientações sobre a produção das aulas em vídeo, indicação de materiais que podem ser aproveitados como vídeos licenciados, como ser dinâmico e lidar com o tempo para que o resultado final seja atrativo.

Para os demais docentes da rede, as orientações sobre o teletrabalho e a utilização das ferramentas do Centro de Mídias SP foram repassadas durante o replanejamento realizado antes da retomada do ano letivo.

O download do aplicativo do Centro de Mídias SP está disponível para os sistemas Android e IOS. Para ter acesso, estudantes e professores da rede estadual terão de fazer o login com os mesmos dados usados na Secretaria Escolar Digital (SED).

Fonte:O Diário Mogi