segunda-feira, 24 de julho de 2017

QUADRO DESTAQUE:
O Diário 60 anos, o editorial de Tirreno da San Biagio em 1994

 23 de julho de 2017  QUADRO DESTAQUE  
Por ocasião dos 37 do periódico, o seu fundador, Tirreno Da San Biagio escreveu o editorial. (Foto: Arquivo)
Por ocasião dos 37 do periódico, o seu fundador, Tirreno Da San Biagio escreveu o editorial. (Foto: Arquivo)

Em 1994, há 23 anos, por ocasião do 37º aniversário deste O Diário, seu fundador e diretor por 57 anos, jornalista Tirreno Da San Biagio, publicou o editorial transcrito a seguir. Nele, expõe sua crença no compromisso do Jornalismo:

“Não há que se pensar na onipresença; muito menos na produção de fatos. Não há que se imaginar poder; tampouco artífice deste. O Jornalismo, que nós de O Diário insistimos em escrever com caixa alta (como se designa, nas redações, o maiúsculo) cria a visão deturpada da onipresença do profissional mas, na realidade, só ele, o Jornalismo de essência, é onipresente. A produção de fatos inexiste; ele é apenas testemunha e, como tal, não exerce poder algum senão o de externar a opinião de quem lhe dá vida e que, em última instância, detém o poder maior.


Ao longo dos últimos 37 anos tem sido esta, permanentemente, a missão de O Diário. Desde aquela manhã de 13 de dezembro de 1957, quando pela primeira vez chegou às bancas e às residências de uma cidade de pouco mais de 60 mil habitantes, o jornal tem a consciência de que sua missão se limita a escrever – não fazer – a história da comunidade que lhe deu vida.

Talvez esta seja a razão maior do sucesso de um empreendimento que mistura conceitos aparentemente díspares. Afinal, o jornal, como empresa, tem imposições comuns a quaisquer atividades. Exige o exercício permanente do alerta produtivo, da responsabilidade competitiva e da busca incessante da qualidade e da competência. Mas, esta mesma empresa, o jornal, é uma atividade que se insere na área da cultura e da prestação de serviço público. E cultura e prestação de serviço público são itens aos quais, decididamente, não se deve dar valoração comercial.

A simbiose que surge de ações aparentemente tão conflitantes, que para o leigo na área deve gerar uma verdadeira confusão mental é, para o jornalista, a essência de sua própria atuação. Os que, por ventura, tenham sido tentados a fazer desta atividade não mais do que uma gazua, ficaram no meio do caminho. Gazua em todos os sentidos. Da transformação desta atividade em uma alavanca do poder; em uma geradora de bens materiais ou na mesquinha satisfação de sua própria vaidade.

Mogi das Cruzes e toda a sua região são testemunhas, há 37 anos, do que O Diário tem feito. Como todos os que fazem algo, erra. Mas a este jornal não se pode imputar, em minuto algum da sua história, o erro da omissão. Talvez o erro da avaliação, o pecadilho do respeito excessivo em algum momento, diminuto em outro. Mas, nunca, o erro da covardia.

O resultado de conceitos tão arraigados à nossa trajetória não contamos na avaliação contábil. Preferimos, nesta casa, a contabilidade do desenvolvimento humano. Esta sim, é uma conta da qual nos envaidecemos, do único orgulho que nos permitimos. Ver que o empreendimento modesto, não tímido, de 37 anos atrás, permitiu a dezenas de pessoas a sua realização pessoal. E que, nesta casa, permanecem hoje muitos dos que a ajudaram a dar vida e outros que, achegando-se no meio do caminho, vincularam-se de tal forma aos ideais de princípio, que a eles continuam fiéis onde quer que estejam agora.

Impossível omitir, ainda, a homenagem da lembrança a outros que por aqui estiveram e que se foram para sempre, legando-nos a obrigação de recordá-los permanentemente. Todos eles fazem parte desta quase odisséia. O jornal de quatro páginas composto nas velhas linotipos e impresso manualmente em uma arcaica máquina plana; ou o jornal de hoje produzido em computadores e impresso a cores numa rotativa automática, não mudou na sua essência. Como não mudou o ideal surgido em meados de 1957 e nascido da exigência da própria comunidade.

Sim, porque todos nós temos a consciência de que, nesta atividade, pouco importam as máquinas, pouco importam os prédios. Todos – máquinas e prédios – são apenas meios para se atingir um objetivo que só a vontade, a consciência e a responsabilidade permitem. O Diário não é feito por máquinas. O Diário é feito por pessoas. Pelo repórter e pelo cronista; pelo editor e pelo motorista; pelo digitador e pelo fotógrafo; pela administração, pelo comercial e pelo entregador. Pelo jornaleiro e pelo impressor. Por esse grupo de profissionais aos quais deve sua própria existência.

Sobretudo, por seus leitores. Estes sim são a razão final de nosso trabalho.”
nautico
O Clube Náutico, em 1957
nauticoFundado em 1933, às margens do Rio Tietê, o Clube Náutico Mogiano preserva, há 84 anos, as características de instituição voltada para os esportes aquáticos. Até o final da década de 1960, era tipicamente um grêmio de recreio às margens do Tietê e com um disputado campo de futebol, onde se jogavam ‘peladas’ dominicais. Com a ascensão do dentista Carlos Augusto Ferreira Alves, o Carlito, à sua presidência, o clube tomou outro formato: foi o primeiro, no País, a agregar uma Faculdade de Educação Física à sua estrutura; isso em 1972. A partir daí, brilhando no Troféu Brasil de Natação e com os recursos adivindos da atividade educacional, ele pode se desenvolver, ampliando espaços esportivos, sociais e o parque aquático. À falta de uma piscina, havia o cocho, uma armação de madeira com fundo de cimento, que boiava no Tietê, sustentado por tambores metálicos. A foto é de 1957 e mostra a construção que servia de sede e abrigava bar, vestiários e a secretaria do clube.

Fonte:O Diário de Mogi