terça-feira, 3 de janeiro de 2017

CIDADES: Bertaiolli: sensação é de “missão cumprida”

1 de janeiro de 2017  Cidades, QUADRO DESTAQUE  
O prefeito Marco Bertaiolli tira férias de 30 dias e diz ter a sensação de “missão cumprida”. Governou Mogi das Cruzes durante oito anos. “Sentirei saudades porque não fui prefeito de Mogi por acaso” / Foto: João Ricardo Santo
O prefeito Marco Bertaiolli tira férias de 30 dias e diz ter a sensação de “missão cumprida”. Governou Mogi das Cruzes durante oito anos. “Sentirei saudades porque não fui prefeito de Mogi por acaso” / Foto: João Ricardo Santo
O prefeito Marco Bertaiolli tira férias de 30 dias e diz ter a sensação de “missão cumprida”. Governou Mogi das Cruzes durante oito anos. “Sentirei saudades porque não fui prefeito de Mogi por acaso” / Foto: João Ricardo Santo

PERFIL
Nome: Marco Aurélio Bertaiolli
Idade: 48 anos
Nascimento: Mogi das Cruzes
Estado civil: casado com Mara Bertaiolli
Filhos: William, Thayna e Maitê
Formação: Administração de Empresas

CARLA OLIVO
Uma sala de 88 metros quadrados, com paredes brancas de 0,80 centímetros entre o piso e o início das janelas de vidro – que permitem visão cinematográfica da Serra do Itapeti à esquerda de quem está sentado na cadeira giratória em couro na cor preta – e instalada no andar mais alto da sede da Prefeitura de Mogi das Cruzes. Foi neste ambiente amplo, moderno e clean que o ex-prefeito Marco Aurélio Bertaiolli (PSD) despachou quinta-feira pela última vez. O novo gabinete, construído durante a reforma do prédio do início da década de 80, foi usufruído por seu idealizador apenas nos quatro meses da reta final de seus dois mandatos – que totalizam 8 anos – à frente do Executivo. Hoje, ele o passará ao novo prefeito, Marcus Melo (PSDB), eleito com seu apoio e sob a promessa de dar continuidade aos projetos da gestão encerrada ontem. Na entrevista a seguir o ex-prefeito faz um balanço de sua administração, aponta os principais desafios do próximo governo diante das dificuldades geradas pela crise econômica do País e revela os planos para este ano.


Qual deve ser o primeiro pensamento ao acordar amanhã?
Primeiramente, tenho absoluta certeza de que é hora de renovar e de entrar um prefeito com fôlego novo. Eu me sinto plenamente realizado enquanto prefeito e com a consciência tranquila de que fiz o melhor que podia pela minha Cidade, com o respaldo da população. De outro lado, claro, sentirei saudades porque não fui prefeito de Mogi por acaso, me preparei e trabalhei para isso a vida inteira e me realizei. Mas, como tenho a consciência tranquila da missão cumprida, de ter feito um bom mandato, de saber que a democracia exige a renovação e de que isso é correto. Viajo agora e nunca tirei 30 dias de férias, mas vou tentar.
E depois?
Já começo a atuar a partir deste ano como representante da minha Cidade junto aos governos do Estado e Federal. Serei útil a Mogi e ao prefeito Marcus Melo, utilizando o relacionamento com o governador Geraldo Alckmin, a fim de trabalhar junto ao Governo do Estado as demandas de Mogi. Também usarei o relacionamento do nosso partido e dos amigos que temos em Brasília para defender os projetos da Cidade. Já começo a atuar como deputado federal ainda sem ser eleito. Também vou me dedicar à reorganização do partido, que é novo principalmente na região que administro, que vai de São Paulo ao Rio de Janeiro. Este trabalho nada mais é do que fortalecer minha pré-candidatura a deputado federal e reestruturar um partido forte, que hoje é o terceiro maior do País.

Há convites para atuar na gestão pública?
Não que eu tenha e nem que não tenha recebido convites. Mas preciso perseguir o objetivo traçado, que é disputar as eleições de 2018 como deputado federal. Não posso me desvirtuar deste caminho. Pela primeira vez na história Mogi não tem um deputado federal. Sempre tivemos pelo menos dois e este é o primeiro mandato em que a gente não tem nenhum. Senti na pele o que é isso porque muitas obras que fiz em Mogi foram com resultados de recursos angariados pelos nossos deputados federais. Construi a Única Fisioterapia e a de Jundiapeba com dinheiro que o Valdemar Costa Neto enquanto deputado federal mandou para Mogi. Também fiz obras importantes com recursos e emendas que o deputado Junji Abe conseguiu. E neste mandato não temos nenhum recurso de emendas de Brasília porque não há um deputado da Cidade lá. Vou me preparar, trabalhar e estudar para ser eleito deputado federal em 2018.

Como o senhor entrega Mogi?
Mogi hoje é uma cidade melhor daquela que encontrei. E isso não é nenhum demérito ao que eu encontrei. Não é mais do que obrigação de todo prefeito elevar a Cidade do ponto que ele pegou a um ponto superior. O prefeito que me suceder tem obrigação de fazer isso e assim sucessivamente. Mogi cresceu demais nos últimos anos, assim como as demandas por serviços públicos. Mas, se comparados a outras cidades do mesmo porte, temos serviços públicos de qualidade, principalmente em Saúde e Educação. Mogi hoje é uma das melhores cidades do Brasil para se viver. Sob qualquer aspecto que se analise está entre as 50 maiores e melhores cidades dentre as 5.550 do País. Eu me sinto realizado e faço um balanço muito positivo dos 8 anos de mandato. Quando candidato a prefeito estabeleci prioridades e um plano de governo. Na primeira gestão, de 2009 a 2012, cumpri tudo o que foi proposto. Renovei os compromissos para a gestão de 2012 a 2016, novamente concluí o plano de governo e fiz 150% do que foi estabelecido como meta nas áreas da Educação, Saúde, Mobilidade, Segurança, Urbanização, Lazer, Cultura, em todas.
E as principais obras?
Na área da Saúde foram 34 prédios construídos nestes 8 anos, entre eles, a Única (Única Clínica Ambulatorial) em Jundiapeba, a Única Fisioterapia, 2 Upas (Unidades de Pronto Atendimento), o novo Pró-Mulher, que é a Secretaria de Saúde, o Hospital Municipal… Na Educação então, nem se fale. São 75 prédios construídos, entre eles 66 escolas de educação infantil e creches, 6 Cempres (Centros Municipais de Programas Educacionais) e o próprio prédio da Secretaria Municipal de Educação. Na Cultura não há como não citar o famoso e tão aguardado Centro Cultural de Mogi. No Lazer, entregamos mais um parque, que é o Parque da Cidade, um projeto magnífico, no Centro de Mogi. Na Mobilidade Urbana, além de dezenas de quilômetros de avenidas que fizemos, entre elas a Avenida Julio Simões, temos o Complexo Viário Tirreno Da San Biagio, que é uma inovação na Cidade. Urbanizamos 10 bairros inteiros, como na Kaoru Hiramatsu e, na Habitação, foram 6 mil novas moradias.

Há outras conquistas?
Há tudo o que mantivemos funcionando. Não construímos a merenda escolar em Mogi, mas fizemos a melhor merenda do Estado de São Paulo. Estes serviços de qualidade prestados tornam a Cidade mais carinhosa. Algo interessante que despertei nas pessoas foi o amor Mogi, este conceito de administração, seja através da bandeira, porque não havia uma bandeira de Mogi exposta na Cidade e eu coloquei na primeira avenida que fiz, a Yoshiteru Onishi, seja pelo time de basquete que leva o nome de Mogi a todo o País e hoje é campeão paulista e sulamericano.

O que deixou de ser feito?
Pode parecer presunção dizer que não tenho o que gostaria de ter feito, mas tudo o que idealizamos e era possível ser feito e muitas vezes, beirando até o impossível, nós fizemos. Porém, as demandas não acabam nunca. Posso listar um milhão de coisas que a Cidade precisa, mas dentro do que gostaria de ter feito, posso dizer que sou um prefeito realizado porque tenho a convicção de que ninguém faria mais do que fizemos.

E se houvesse o terceiro mandato?
Não seria tão bom quanto foram os dois. Este é o segredo da democracia. Estes 8 anos foram intensos, de muita dedicação e é óbvio que nos consumimos, porque ninguém é máquina. Entendo que é preciso ter novas ideias e novo oxigênio, com a alternância do poder para que as coisas continuem funcionando. O período de 8 anos foi o tempo exato. É preciso renovar, mudar, ter um novo jeito de fazer política em Mogi no sentido de uma nova administração.


Como está o caixa da Prefeitura?
Absolutamente em ordem. Entrego a Prefeitura de Mogi com todas as contas rigorosamente em ordem e pagas, além de dinheiro na Caixa Econômica Federal (CEF) para os pagamentos das obras em andamento, como o Complexo Viário Jornalista Tirreno da San Biágio, com a construção do segundo túnel, que deve ficar pronto no final do ano, e a Avenida das Orquídeas, que liga a Rua Professor Flaviano de Melo, no Centro, até a divisa com Suzano, em Jundiapeba, e é formada por três vias, a Tenente Onofre Rodrigues de Aguiar, entregue no mês passado, a Guilherme Giorgi e a Orquídeas, que ficarão prontas até o final deste ano.

Quais os desafios do novo prefeito?
Por mais que a Cidade esteja em ordem, os recursos arrecadados pela Prefeitura de Mogi estão diminuindo e as incumbências aumentando. Ampliamos a rede de saúde pública e temos oito unidades funcionando 24 horas por dia, assim como o Hospital Municipal. Isso tem custo e tão importante quanto construir é manter em funcionamento. O Marcus Melo precisa deste apoio para manter Mogi funcionando. Temos agora 50 mil alunos na rede municipal. Quando cheguei à Prefeitura eram 30 mil. A qualidade do ensino e a construção de 75 escolas ampliou o número de alunos. Inaugurar uma escola é maravilhoso, mas depois é preciso custeá-la todos os meses pelo resto da vida. E este será um ano de muitos desafios econômicos.

O que deve ser feito?
Estamos em momento de crise econômica no País, temos 15 milhões de pessoas desempregadas e quando o trabalhador perde o emprego, tira o filho da escola particular e coloca na escola da Prefeitura, perde o convênio médico e vai ao posto de saúde da Prefeitura e atrasa o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). A crise faz com que a arrecadação da Prefeitura tenha queda, mas os serviços só aumentam. Este distanciamento é a conta que não fecha porque você tem que atender mais pessoas, demandar mais serviços públicos com menos recursos e dinheiro. O maior desafio para este ano é ter um administrador que feche esta conta, aperte os cintos e priorize o que é prioridade entre as prioridades. O Marcus Melo tem um trabalho árduo pela frente, será um grande gestor e estarei o tempo todo à disposição para colaborar no que for necessário.

Como foi o período após as eleições?
Não deu tempo para pensar. Entramos em um ritmo frenético na Prefeitura para administrar a Cidade, fechar as contas e entregar as obras que queríamos. Inauguramos tudo e até de uma forma bastante importante, com a presença do presidente da República, Michel Temer, e do governador do Estado, Geraldo Alckmin, em Mogi, para entrega de mais uma UPA, duas creches, um Cempre, uma avenida duplicada e 420 apartamentos. O Fórum de Braz Cubas também está pronto. Acertei com o governador e o Estado vai entregá-lo ao Tribunal de Justiça, que começará a equipá-lo para que esteja funcionando até abril. Iniciei o mandato no dia 2 de janeiro de 2009, visitando a encosta do Jardim Layr, que estava desabando, com o coronel Eli (Nepomuceno, ex-secretário municipal de Segurança). Foram tiradas de lá 300 famílias que corriam risco. E no dia 30 de dezembro, último do meu governo, inaugurei o Parque da Cidade.Não parei um dia nestes 8 anos.

Há um acordo para que o vice-prefeito Juliano Abe seja o candidato a prefeito daqui a quatro anos?
Isso não existe. O único acordo político que há é dar todo o apoio ao Marcus Melo para que ele seja o melhor prefeito desta Cidade, porque é isso que Mogi merece.

Qual a mensagem de Ano Novo?
O fim de ano é um período de solidariedade, quando as pessoas estão mais sensíveis, fraternas e abertas. Minha mensagem é um desafio para que consigamos levar isso aos 365 dias do ano. Agradeço de coração à população de Mogi, por me consentir ter sido prefeito da minha Cidade, ser reeleito com a maior votação do País em cidades desse porte e pela aprovação tão importante que tenho hoje.

Confira neste link a entrevista com o prefeito Marcus Melo (PSDB), que assume o Executivo a partir de hoje

Fonte:O Diário de Mogi