QUI, 25 DE JUNHO DE 2015 00:00
Para Múcio, investigação surgiu devido à situação atual das construtoras que tocam as obras / Foto: Divulgação
O TCU (Tribunal de Contas da União) vai iniciar uma investigação sobre recursos públicos usados na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (PA), maior obra em andamento no país.
A decisão foi tomada após pedido do Ministério Público para que fosse analisada a participação de empresas investigadas na Operação Lava Jato, que apura desvios de recursos na Petrobrás, também nas estatais do setor elétrico.
A obra de Belo Monte está estimada em cerca de R$ 33 bilhões, segundo o órgão. A maior parte dos recursos para a construção viria de financiamento do BNDES - ao menos R$ 22,5 bilhões.
O ministro José Múcio Monteiro, responsável pelo processo no TCU, considerou que o fato de as empresas que formam o consórcio que constrói a hidrelétrica estarem sob investigação é motivo para o início de uma auditoria do tribunal neste contrato.
Outro problema apontado foi o alto custo da construção da usina, 74% superior ao previsto inicialmente, que poderia estar inviabilizando um retorno financeiro para as estatais que investem no projeto.
A análise prévia do TCU mostrou que essas empresas também estão em outros projetos do setor elétrico além de Belo Monte. Mas o trabalho apontou que não há um risco sistêmico para o setor já que a maior parte dos empreendimentos sob responsabilidade destas empresas está próximo da conclusão.
Segundo Múcio, a abertura da investigação em Belo Monte não ocorreu por causa de alguma delação referente ao processo, mas sim devido à situação atual das construtoras que tocam a obra.
Um dos delatores da Lava Jato, o executivo da Camargo Corrêa Dalton Avancini, afirmou que o esquema de desvios de valores da Petrobrás se estendeu ao setor elétrico.
De acordo com o ministro, o trabalho de investigação em Belo Monte começa do zero, e a torcida é para que nenhuma irregularidade seja encontrada. “Mas não custa nada dar uma reparada [olhada] lá”, disse Múcio.
A empresa responsável por Belo Monte é a Norte Energia, formada primordialmente por fundos de pensão (Petros e Funcef) e estatais do setor elétrico (Eletrobras, Chesf, Eletronorte, Cemig e Light). Ela ganhou o leilão desse projeto e ficou responsável por construir e operar a usina.
Essa companhia contratou um consórcio de construtoras, chamado CCBM (Consórcio Construtor Belo Monte), para erguer a hidrelétrica que será a terceira maior do mundo. Esse consórcio tem como líder a Andrade Gutierrez, seguido pela Odebrecht, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS e outras cinco empreiteiras.
Todas essas empresas citadas são alvo da Lava Jato e já tiveram executivos presos durante a operação. A reportagem entrou em contato com a assessoria do CCBM, mas até as 20h30 de ontem não havia resposta.
Fonte:O Diário de Mogi