quinta-feira, 14 de março de 2013

Boca no trombone Hospitais Paulo Passos


Boca no trombone
Hospitais
Paulo Passos
Depois de calvário fartamente noticiado, período em que enfrentou doença das mais fatais, submetendo-se, enfim, à força do mal que o atingia, Hugo Chavez cumpriu sua passagem entre nós.

Senhor carismático, em região pobre, que, exatamente por isso, anseia por líderes que propiciem as mudanças que necessita, enamorando-se à primeira vista pelo discurso fácil que lhe traga esperanças, soube manipular a contento a maioria da sociedade venezuelana, conseguindo, em decorrência disso, ser eleito em sete dos oito pleitos dos quais participou. Não se pode negar que promoveu mudanças palpáveis - entre as quais a diminuição da pobreza e o renascimento de um nacionalismo esquecido -, como também se portou, a maioria das vezes como um tiranete de primeira hora, calando as vozes que contra ele se opunham, principalmente as que ecoavam através dos meios de comunicações.

Enfim, polêmico por natureza, se foi o homem, ficou o mito! Diplomaticamente, como de praxe, representantes de países amigos se fizeram presentes em seu funeral, lamentando - sabe-se lá com que sincerida-de - o prematuro falecimento. Em tal cenário, a nós brasileiros, particularmente, chamou a atenção a presença da infalível dupla Dilma-Lula, que, com consternação visível, expressou sua dor. Nada demais no ato. Como disse, a diploma-cia - no caso não só ela eis que os gestos de amizade entre tais governos sempre foram flagran-tes - assim determina.

O que mereceu destaque foi o comentário lastimoso sobre a escolha de Cuba para tratar o câncer, quando o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo apresentaria condições bem melhores, como se comprovava pelos inúmeros acompanhamentos de políticos e outras pessoas famosas que ali se internaram.

Oficializam, a presidente e o seu tutor, a já conhecida situação da saúde pública nacional, demonstrando que só para alguns poucos se guarda o legítimo direito de ser bem tratado, de preservar a vida.

Ou será que para os outros, para o brasileiro anônimo que habita os confins e que padece de mal idêntico, as portas se abrem, se assegura igual tratamento.

Ou será que eles, os próceres da política brasileira, que têm a chave do cofre na mão e que, pesarosos, também comentaram o sucateamento dos nosocômios cubanos se preocupam em criar locais de atendimentos, quando não em equipar os parcos existentes? Ninguém melhor que os mogianos, carentes da atenção do Estado, e que viram há pouco - sem reposição - a única unidade que os favorecia no tratamento do câncer, fechada, para responder à simplória questão. Dona Dilma. Seu Geraldo. Os salamaleques do poder até se entendem, mas nós também, mesmo após as eleições, continuamos a merecer atenção! Olhai por nós! 

Paulo Passos é advogado, mestre e doutor em Direito pela PUC/SP


Fonte:Mogi News