terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

No Especial, alegorias são destaque


No Especial, alegorias são destaque
TER, 12 DE FEVEREIRO DE 2013 00:00
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Medusa roubou a cena em alegoria da Águia de Prata / Foto Jonny Ueda


No domingo, os desfiles do Grupo Especial surpreenderam pela qualidade das alegorias, grandiosas, cheias de tecnologia, e também pelas fantasias trabalhadas nos menores detalhes pelas equipes formadas por milhares de pessoas, mostrando o trabalho que se tornou a preparação para o Carnaval de Mogi das Cruzes. Apesar dos problemas com a primeira escola a entrar na Avenida Cívica, Mocidade do Tietê, que estava com apenas 124 integrantes (de um mínimo de 300) e cruzou com protesto a linha final do sambódromo, o restante do evento foi mesmo de muita festa.

Ainda com o microfone ligado, Leandro Odilon, integrante da Mocidade do Tietê, reclamou da “demora” na entrega da verba pela Prefeitura, o que deu à agremiação apenas uma semana para se preparar para o desfile. “O dinheiro sempre foi liberado sem a necessidade dos documentos, mas agora teve essa burocracia”, afirmou. O protesto pode custar caro, pois a Comissão Especial do Carnaval deverá definir algum tipo de punição pelo incidente.

Por volta das 21h50, logo após entoar o hino do Sport Club Corinthians Paulista, a Acadêmicos da  Fiel, bicampeã do Grupo Especial do Carnaval de Mogi, entrou pela Avenida Cívica para cantar e contar a história de Arthur Netto, ator e publicitário, espancado em 2006 por três pessoas na região central de Mogi. Ele ficou internado por mais de 40 dias até morrer. Ao agitar a arquibancada, tomada por muitos corintianos com a camisa do clube, a agremiação pareceu ter contado com a ajuda de São Jorge, o guerreiro. A Comissão de Frente da escola, que mostrava as vertentes de roqueiro, ator e publicitário de Arthur, foi aplaudida de pé. Ao final, a reportagem flagrou uma briga entre alguns integrantes. “Tem gente da própria escola que está com inveja e quer acabar com o nosso desfile”, disse a porta-bandeira Tais.

O veneno da Águia de Prata deu certo e colocou a escola no primeiro lugar na avaliação dos juízes. A grande campeã do Grupo Especial chegou com o enredo “Da saliva dos deuses à peçonha da serpente, meu veneno é coisa pura... tanto mata quanto cura”, com destaque à aranha mecânica do abre-alas e ao veneno dos olhos verdes feitos de led da Medusa no carro “A saliva dos deuses – o veneno na história”. A bateria também não deixou por menos, tanto que na dispersão diversos tamborins estavam rasgados e as caixas desafinadas por conta das baquetas.

A quarta agremiação a tomar a avenida do samba na segunda noite de desfiles foi a Unidos da Vila Industrial. Com o enredo que falava sobre a vaidade, a escola abusou dos papéis laminados e das referências à indústria da beleza. Entre os destaques estão a pequena Emanuelle, de 4 anos, que desfilou ao lado da musa e da rainha de bateria da Vila, Mariana Melo, 18, e Raphaela Costa, 15, respectivamente. “É uma emoção diferente, a nossa família já vive Carnaval há 18 anos. Este é o segundo dela”, contou o pai Cristiano Caetano, 35. A Comissão de Organização da agremiação reclamou das paradas do carro de som que acompanhava o desfile antes da bateria. Isso teria atrasado a evolução dos componentes.

A São João contou com a ajuda do público para deixar ainda mais bonito seu desfile. Antes de entrar na Avenida, centenas de bandeiras verdes acenavam para a passagem do grande painel de led do carro abre-alas. Cantando o enredo “Sou mineiro uai, sou das Minas Gerais”, a agremiação apostou no quesito “harmonia”, que, apesar de ter recebido nota 10 dos jurados, foi suficiente apenas para colocar a escola em terceiro lugar.

A tradicional Estação Primeira de Braz Cubas trouxe ao público o universo do cabaré francês Moulin Rouge. Em suas cores preto e branco, a Brazcubão seguiu uma fórmula que surpreendeu mais pela alegria dos componentes do que pela harmonia completa. O carro abre-alas, que apresentava o glamour e a beleza do point parisiano teve um problema. Integrantes precisaram recorrer a pedaços de papelão para ocupar o espaço nas conexões dos ferros a fim de que a parte da frente simplesmente não caísse na avenida. Emocionada, a presidente da escola abraçou os participantes. Questionada se concorria ao título, a presidente Anete Maria da Rocha disse entre suspiros de alívio: “Esse ano foi difícil. Mas nós temos tradição. Essa é a minha comunidade. Nós participamos”. (Danilo Sans e Lucas Meloni)



Fonte:O Diário de Mogi