domingo, 25 de novembro de 2012

Mutso Yoshizawa é cremado hoje


 
Mutso Yoshizawa é cremado hoje
SÁB, 24 DE NOVEMBRO DE 2012 00:00
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Mutso Yoshizawa, que se transformou em ícone do colunismo social de Mogi das Cruzes nas décadas de 60 e 70, iniciou sua carreira no jornal Diário de Mogi / Foto Arquivo

Será cremado hoje, às 9 horas, durante cerimônia restrita a familiares­, no Cemitério e Crematório Parque das Flores, no Jardim Morumbi, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, o corpo do jornalista mogiano Mutso Yoshizawa, 72 anos, que faleceu quinta-feira à noite, na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital daquela Cidade, devido a múltiplos problemas de saúde. O velório ocorreu entre o meio-dia e 16 horas de ontem, na sede do Crematório.
Um dos cinco filhos dos comerciantes Shinji e Rute Yoshizawa – o pai já falecido e a mãe atualmente com 99 anos –, fundadores da antiga Loja BBC (Bom, Bonito e de Confiança) da Rua Dr. Deodato Wertheimer, em Mogi, Mutso, que era solteiro, deixa os irmãos Geraldo, Haguemo, Nana, Mamiro, e sobrinhos.
Ícone do colunismo social de Mogi das Cruzes nas décadas de 60 e 70, o jornalista iniciou sua carreira no jornal Diário de Mogi, com uma coluna a princípio focada na juventude da época, mas que logo se tornou abrangente e foi ocupando cada vez mais espaços, até se transformar num dos mais importantes registros da sociedade mogiana de um período pródigo em festas e outros acontecimentos sociais que marcaram uma importante fase da vida da Cidade.
Ao jornal, ele chegou pelas mãos da professora Iracema Brasil de Siqueira, que o apresentou ao jornalista Tirreno Da San Biagio, o “Tote”. Sua adaptação ao novo ofício foi rápida e sem maiores problemas.
Inteligente e audacioso, ele logo deu “um novo colorido” à atividade jornalística, passando a cobrir os principais acontecimentos sociais da época e a patrocinar eventos, como o Baile das Debutantes, que ele transformou num dos maiores acontecimentos sociais da Cidade.
Sucessor de Benedito Queiroga e Regina Ruiz, os primeiros colunistas do jornal, Mutso procurou inovar. E foi buscar inspiração em Ibrahim Sued, de O Globo, Tavares de Miranda, da Folha, Jacintho de Thormes, do Jornal do Brasil e tantos outros que faziam sucesso naquela época.
E foi na esteira deles que surgiram expressões características do colunismo da época, como “pães” e “cocadinhas”, usadas por Mutso para se referir aos garotos e garotas dos tempos da Jovem Guarda, que vivia sua fase áurea naquela época.
“Ele era adepto da pluralidade, não se fixando em pessoas e famílias mais estreladas; era abrangente e costumava publicar entrevistas contando a história das pessoas que integravam a sociedade mogiana daqueles tempos”, lembra o dentista Geraldo Sica, amigo pessoal do colunista, que ainda se recorda das festas com orquestras, como a Tabajara e a de Sílvio Mazzuca, onde o smoking era traje obrigatório do público masculino e as mulheres usavam longos vestidos.
“Mutso deu vitalidade às festas e tornou o colunismo da época mais arejado, mostrando detalhes dos eventos sociais da Cidade”, conta o jornalista Da San Biagio.
Notívago inicialmente por natureza e, depois, por conta da profissão, Mutso era bem informado e relacionado, transitando com desenvoltura tanto nas festas mogianas, como nos grandes eventos sociais da Capital, onde se tornou amigo dos socialites de seu tempo.
O colunista permaneceu no Diário de Mogi até 1975, quando se transferiu para o jornal Mogi News, que estava sendo fundado na Cidade pelo empresário guarulhense Paschoal Thomeu para dar sustentação à campanha de Waldemar Costa Filho a prefeito, nas eleições municipais de 1976.
Passados alguns anos após o pleito, o título do jornal acabou adquirido pela família Yoshizawa, para que Mutso continuasse com seu trabalho. Sob o comando do irmão Geraldo, o jornal durou mais algum tempo, até mudar novamente de dono.
Sem o jornal, que girava em torno de sua coluna, Mutso foi para o Diário de Suzano, mas acabou por deixar o jornalismo e após algum tempo, se mudou com a mãe para São José dos Campos, onde foram viver num pequeno apartamento.
Longe da sociedade que ele retratou e que o venerou durante décadas, Mutso passou seus últimos anos afastado de tudo e de todos, recebendo poucos amigos e evitando dar entrevistas. Problemas de saúde surgiram e se agravaram, principalmente nos rins e outros órgãos vitais.
“Mutso era uma pessoa que deve ter levado no coração uma lista das melhores pessoas da sociedade antiga e contemporânea de Mogi. Uma pessoa amiga, leal, que em determinada fase de sua vida, não deve ter sido compreendido como deveria. Ele fez muito pela sociedade de Mogi, mas a sociedade se esqueceu dele muito cedo”, afirma Geraldo Sica, ao ser informado da morte de Mutso pelo repórter, no início da tarde de ontem. (Darwin Valente)
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Fonte:O Diário de Mogi