quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Representação feminina será menor



Representação feminina será menor
TER, 09 DE OUTUBRO DE 2012 21:25
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Odete Sousa (foto) ficou surpresa com a reduzida eleição feminina; Vera Rainho atribui o problema ao coeficiente eleitoral; Karina Pirillo destaca que quem decide é o eleitor / Foto Arquivo

A partir do ano que vem, a Câmara Municipal será composta por 87% de homens e apenas 13% de mulheres. Hoje, elas representam 18,7%, apesar de em termos numéricos se manterem igual: três vereadoras. É que com o aumento de cadeiras, proporcionalmente caiu a representatividade feminina, por escolha do eleitor mogiano, em pouco mais de 5%.
Nesta eleição proporcional, 144 mulheres de Mogi das Cruzes se candidataram para ocupar uma das vagas no Legislativo. Deste total, apenas 2% se elegeram. Se fizermos a conta usando o número geral de candidatos, independentemente de sexo, as mulheres eleitas alcançaram somente 0,7% dos 419 que estavam disputando.
Para a vereadora Odete Sousa (PR), que conseguiu se reeleger com 2.823 sufrágios, a baixa eleição feminina foi uma surpresa. “Estou muito triste com isso porque imaginava que a bancada feminina da Câmara iria, pelo menos, dobrar de tamanho, ou seja, esperava que fossem eleitas seis mulheres ao invés de três. Acredito que este resultado reflete o desinteresse das mulheres pela função política. São poucas as que gostam de se envolver e os partidos têm de ficar atentos a isso. E mais, acho que os partidos devem desenvolver projetos que façam com que a participação feminina nas questões partidárias seja maior”, avalia Odete.
Ela destaca, ainda, que as mulheres candidatas da Cidade, em sua grande parte, só fizeram parte do pleito para que a legislação eleitoral fosse cumprida. “As candidatas estavam lá, mas o eleitor não as escolheu porque viu que, em muitos casos, não havia um comprometimento e sim somente uma obrigação numérica. Para resolvermos isso, precisamos que os partidos despertem o interesse delas para a questão política”, sugeriu.
Já a também reeleita com 2.860 votos, Vera Rainho (PR), salienta que o problema foi a questão do coeficiente eleitoral. “A eleição é uma questão de Matemática. Tivemos mulheres muito bem votadas, que deveriam estar conosco aqui nesta nova legislatura, mas que não entraram por causa do coeficiente eleitoral. Não acho que a participação da mulher seja pequena na política. Ao contrário. Cada dia que passa, essa participação cresce mais e mais. Acho que daqui a 20 anos teremos metade da Câmara composta pelo sexo feminino”, afirmou Vera.
Para a recém-eleita, Karina Pirillo (PC do B), que obteve impressionantes 5.011 votos, o fato da parca eleição de mulheres para o Legislativo se justifica, apenas, “pela vontade do povo”. “Quem decide é o povo. Eu não sei os motivos disso. Acho que a mulher está indo à luta, crescendo dentro do trabalho, mas é o povo que decide mesmo”, resumiu.
“A mulher é muito inteligente para se meter em política”. A frase é da candidata Jane Gondim (PPS), mulher do deputado Luiz Carlos Gondim Teixeira (PPS), que concorreu à uma vaga na Câmara, mas não conseguiu se eleger porque obteve insuficientes 1.959 votos. “Acho que são poucas as mulheres que se interessam por política. Muitas saíram candidatas só para compor a chapa. A mulher é muito inteligente para se meter em política. Ela fica muito comprometida e por causa dos demais afazeres, como o trabalho e a casa, teria que se desdobrar para dar conta de mais um cargo. As pessoas andam me ligando, dizendo que esperavam que eu vencesse, mas sempre digo que ia ser um trabalho árduo porque iria arregaçar as mangas e são poucas as mulheres que saem com este objetivo. Até brinco que Mogi perdeu mais do que eu com o fato de eu não ter entrado porque nada irá mudar na minha vida”, ressaltou Jane.
No entanto, a também candidata Thamara Strelec (PMDB), que não conseguiu uma cadeira, apesar dos 2.380 sufrágios que recebeu, salienta que a atividade política deve ser em tempo integral e, culturalmente, as mulheres já assumem jornadas triplas, às vezes quádruplas. “Isso significa que elas não têm atuação política porque são líderes de bairro, assessoras de vereadores, prefeitos e governadores. Eu não sou sexista. Acho que o eleitor deve votar em quem está melhor preparado, independentemente de sexo ou raça”, concluiu.
Procurada, a vereadora Emília Rodrigues (PTdoB), que não se reelegeu, mandou dizer, via assessoria, que deixasse a pauta “para outra hora”. (Sabrina Pacca)

Fonte:O Diário de Mogi