Agnelo argumentou, em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, que o único contrato que a empresa tinha com o governo foi assinado no dia 9 de dezembro de 2010, pelo então governador Rogério Rosso (PMDB). De acordo com o governador, a assinatura foi determinada por uma decisão da 1ª Turma do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Território (TJDFT).
"A Delta tem apenas um contrato com o governo do Distrito Federal de coleta de lixo em duas áreas e esse contrato foi assinado no governo anterior, não no meu governo e, ainda assim, a mando da Justiça", disse o governador que se colocou como vítima de uma armação para tirá-lo do poder, comandada por Cachoeira e pelo senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). "Hoje eu compreendo porque o senador Demóstenes Torres protocolou um pedido de impeachment contra mim, no início do governo, em 2011", destacou Agnelo.
De acordo com o governador, o grupo de Cachoeira queria ter controle sobre a área de limpeza urbana do Distrito Federal e não considerava sua gestão um "governo amigo". "O grupo precisava de controle sobre o SLU [Serviço de Limpeza Urbana]", disse o governador, que nesta quarta, mandou entregar à liderança do PSDB, no Senado, um documento com sua defesa.
Agnelo informou ainda que a Delta entrou no serviço público no Distrito Federal em 2007, na administração do ex-governador José Roberto Arruda, acusado de liderar um esquema ilícito de financiamento de campanha e de compra de deputados distritais, que ficou conhecido como mensalão do DEM. Esse esquema foi investigado pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora. "Espero que a Justiça julgue logo a investigação sobre a Caixa de Pandora e que esses resultados sejam logo divulgados", destacou o governador.
Agnelo também reclamou da imprensa, que segundo ele, teria servido para uma série de reportagens a mando do grupo de Cachoeira. "Eles queriam derrubar um governo eleito democraticamente no Distrito Federal", destacou.
O governador foi convocado, na condição de testemunha, para explicar as condições em que foram firmados contratos do Distrito Federal com a empresa Delta, apontada pela Polícia Federal como uma das empresas que serviam à organização criminosa comandada por Cachoeira.
Até o início deste mês, a empresa mantinha com o governo do Distrito Federal um contrato de limpeza urbana, no valor de R$ 470 milhões. As gravações feitas pela Polícia Federal também indicaram pessoas ligadas a Cachoeira tentando fraudar licitação para o serviço de bilhetagem eletrônica no transporte público, contrato que não chegou a ser firmado, fato que segundo Agnelo, irritou o grupo de Cachoeira.
"Esse contrato não saiu porque meu governo decidiu enfrentar o problema do transporte público do Distrito Federal e acabar com esse oligopólio que humilha as pessoas todos os dias", destacou.
Além disso, o ex-chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, aparece em uma gravação da Operação Monte Carlo, em conversa com pessoas ligadas a Cachoeira. Quando as denúncias foram divulgadas na imprensa, Monteiro se afastou do cargo. (Luciana Lima / Agência Brasil)
Fonte:O Diário de Mogi