domingo, 27 de maio de 2012

Denúncias 4 crianças sofrem abuso por dia


A violência sexual está em terceiro lugar no ranking das denúncias contra menores em Mogi das Cruzes
Noemia Alves
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho

Tereza: "Poucos denunciam"
Ana Carolina, de 8 anos, era uma criança como qualquer outra da idade dela: interagia com os amiguinhos da escola, era uma aluna aplicada e de muitas amizades, brincava de boneca, tagarelava com os professores, enfim. Há algumas semanas, de repente, seu comportamento mudou bruscamente. Em vez de brincar e conversar com os colegas de escola, ela passou apertar diversas partes do corpo deles e beijá-los. Ficou hiperativa e inquieta, sem muita concentração inclusive para os estudos. As atitudes da menina chamaram a atenção dos professores, que levaram o caso ao conhecimento do Conselho Tutelar.


A denúncia referente ao caso de Ana Carolina chegou como "sexualidade exacerbada" e, após, uma minuciosa investigação dos conselheiros, descobriu-se que, na verdade, Ana Carolina, estava sendo vítima de abuso sexual. O agressor era o padrasto, de 56 anos. 
Ana Carolina, na verdade, é o nome fictício escolhido pela reportagem para contar uma história real, que tem acontecido com grande frequência com muitas outras crianças em Mogi e em todo País. O caso mais recente deste tipo de crime e que chamou atenção de todo Brasil ocorreu com apresentadora Xuxa Meneghel, ainda na infância, e que ela tornou público, na semana passada em uma entrevista para uma emissora de televisão. 
Os dois Conselhos Tutelares existentes na cidade recebem, em média, a cada semana, 17 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes de até 12 anos.


Se considerarmos a maioria das suspeitas são comunicadas por representantes do poder público (diretores ou professores de escolas, médicos e enfe rmeiras de postos de saúde ou assistentes sociais) entre segunda e sexta-feira, acredita-se que a situação seja ainda mais grave: entre 3 a 4 crianças são vítimas de algum tipo de agressão sexual por dia.


Os números são considerados preocupantes pelos próprios conselheiros e também pela médica de Vigilância Epidemiológica,Tereza Nihei, integrante do Comitê Municipal de Prevenção e Combate à Violências Domésticas. Para ela, que avalia os dados enviados pelos postos de saúde, além de boletins de ocorrência registrados pela polícia, os números fogem à realidade. 
"Infelizmente, na verdade, o índice de violência doméstica, em especial de abuso sexual contra criança é bem maior porque são poucas as pessoas que acabam formalizando a queixa na delegacia", justifica Tereza Nihei, que entre fevereiro e dezembro de 2011, contabilizou 1.166 casos de violência doméstica registrados pela polícia. Destes, 74 foram de abuso sexual. 
Segundo estudo feito pelo Comitê Municipal, a maior parte das agressões ocorreram na residência da criança, sendo que os agressores são, geralmente, pais e outros familiares ou alguém do convívio muito próximo da criança e do adolescente, como amigos e vizinhos.


"Todos os dias, milhares de crianças e adolescentes sofrem algum tipo de abuso no País. A denúncia é um importante meio de dar visibilidade e, ao mesmo tempo, oportunizar a criação de mecanismos de prevenção e proteção. Além disso, os serviços de escuta, como o disque-denúncia, delegacias, serviços de saúde e de assistência social, escolas, conselhos tutelares e a própria comunidade, devem estar preparados para acolher e atender a criança e o adolescente", conclui a médica Tereza Nihei.


Fonte:Mogi News