quarta-feira, 9 de maio de 2012

Câncer Atendimento ainda é difícil para pacientes



Hospital das Clínicas Luzia de Pinho MeloHospital Luzia de Pinho Melo assumiu atendimento aos doentes, mas muitos ainda não estão conseguindo sequer iniciar as consultas
Noemia Alves
Da Reportagem Local

Uma semana após o início da transferência de pacientes do Hospital do Câncer "Dr. Flávio Isaías" para o Luzia de Pinho Melo, por determinação do governo do Estado, ainda sobram reclamações sobre a dificuldade em conseguir atendimento ou até mesmo informações sobre como será feito o tratamento.


Maria de Fátima Alves dos Santos tem 59 anos e há sete realizava tratamento contra câncer de mama, entre outros procedimentos, no Centro Oncológico. A cada seis meses ela passava por uma consulta médica e era submetida a uma série de exames para realizar a chamada manutenção e prevenção do retorno da doença. Contudo, na semana passada, ela recebeu em sua residência, em Taiaçupeba, um telegrama avisando da suspensão do atendimento pelo Sistema Único de Saúde no Hospital do Câncer e que teria de agendar o serviço no Hospital Luzia de Pinho Melo. 
"Veio no telegrama um número:             (11) 3583-2876      . Liguei durante dois dias inteiros e ninguém atendeu", conta ela, que na segunda-feira foi até o hospital, no Mogilar, a uma distância de quase 30 quilômetros, para agendar a consulta com oncologista e obter informações de como daria continuidade ao seu tratamento. "Cheguei lá e me informaram que eu tinha de ficar ligando no número de telefone até ser atendida e que provavelmente eu entraria numa ficha de pré-cadastro para apresentação de uma série de documentos porque o atendimento em si não tinha começado. Ou seja, não há uma data específica para realização das consultas", contou. Maria de Fátima tinha um exame pré-agendado para o dia 18 deste mês no Hospital do Câncer, mas está em dúvida de quando irá fazer o procedimento. "Pelo jeito, terei de começar do zero porque nem meu cadastro eles têm. Não confio no sistema de lá", afirmou a mulher, que atualmente conta com apoio de nutricionistas e assistentes sociais do Grupo de Apoio às Pessoas com Câncer (GAPC).


Com apenas dez anos, Caio Henrique Vicente de Moraes enfrenta um dilema ainda maior. Desde os oito meses ele é submetido a uma vida cheia de restrições, porque é portador de anemia falciforme, uma doença hereditária que causa a malformação das hemácias, responsáveis pelo transporte de oxigênio no corpo, e, portanto, tem de passar grande parte da vida dentro de casa ou no hospital, em tratamento. Durante toda sua vida ele foi atendido por oncologistas do Hospital do Câncer, assim como profissionais complementares - nutricionistas, psicólogos - e, na semana passada, sua mãe, Renata Aparecida Vicente, de 33 anos, foi informada de que seu atendimento, pelo SUS, estava suspenso na unidade hospitalar.
"Perdi o chão, ainda mais agora que começaram a surgir algumas manchas roxas na pele dele. Fui no pronto-socorro e os médicos nada puderam fazer, solicitaram apenas que eu o levasse ao pediatra para ter encaminhamento e começar tudo de novo no Luzia. Não sei o que fazer", disse Renata, que tem renda familiar de R$ 500 para sustentar oito pessoas. "É insuficiente para pagar as contas e gastar com medicamentos, e a gente tinha ajuda de entidades, mas agora nem dinheiro para comprar leite para meus filhos eu tenho", declarou a mulher, em tom de desespero, que deixou o telefone 9739-5437 para informações ou doações. 
A Secretaria Estadual da Saúde informou, por meio da Assessoria de Imprensa, que o agendamento de consultas de oncologia é feita por meio do telefone 3583-2876 e que "ninguém ficará desassistido".


Entidades
O Grupo de Apoio às Pessoas com Câncer (GAPC) reforçou ontem que "não mudará seu atendimento" e continuará prestando assistência social aos pacientes com câncer e seus familiares. Segundo a psicóloga do GAPC, Solange Nagy , há muitas dúvidas de pacientes que eram atendidos pelo Hospital do Câncer e que agora serão encaminhados ao Luzia de Pinho Melo. Solange diz que houve uma queda nas doações desde as suspeitas de irregularidades no Hospital do Câncer. "As pessoas confundem e acham que as duas coisas estão interligadas e não querem fazer doações", disse. A entidade atende 1,7 mil pacientes com câncer no Alto Tietê. 
A Associação Beneficente de Combate ao Câncer Alto Tietê (ABCC AT) também está enfrentando dificuldades para dar continuidade ao atendimento aos pacientes que eram do Hospital do Câncer em razão da queda nas doações. Contudo, segundo a Assessoria de Imprensa, da unidade todos os serviços complementares estão mantidos aos pacientes.

Fonte:Mogi News