sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tribuna Livre "Desabé" le chateau ... Dirceu Do Valle



Pensavam todos que Nicolas Sarkozy, presidente da França e marido da belíssima atriz Carla Bruni, tinha como certa sua reeleição e, consequentemente, permanência no Palais de l´Élysée. Com a máquina na mão, valendo de passagem das mais felizes do ex-prefeito Waldemar Costa Filho, só se fosse perturbado perderia o pleito. Nas pesquisas, inclusive, era o favorito.

Apurados os votos, François Hollande, seu adversário, surpreendeu e saiu na frente, ficando a definição entre um e outro para um 2º turno.


O "x" da questão é que na bipolarização instala-se um cenário completamente diferente do primeiro escrutínio, aniquilando as previsões antes feitas e a lufa-lufa que comumente contagia a claque.


Em parêntese que se faz, apresentando os candidatos uma maior paridade de condições, tem-se que, em regra, portas antes fechadas se abrem. Entre nós, por exemplo, o tempo no horário eleitoral gratuito divide-se, na mesma proporção, entre os candidatos, pouco importando as siglas cooptadas por cada um dos disputantes - normalmente, a preço alto, e, ainda mais normalmente, pagas com o dinheiro da viúva.


Fechado o parêntese, tornando ao berço da tríade Liberté, Egalité e Fraternité, confirmando o quanto aqui se argumenta, noticia a Imprensa que, segundo pesquisas, a oposição desponta como favorita à sucessão. 
Mais que isso, justificando o título que leva o artigo, divulgaram as redes de notícia que Sarkozy, às vésperas da votação, quando passava em espécie de corredor polonês com seus correligionários que ali estavam somente para vê-lo, retirou do pulso seu relógio Patek Philippe, joia caríssima avaliada em aproximadamente R$ 150 reais, temeroso, ao que se imagina, pudesse alguém da multidão arrancá-lo. O gesto, óbvio, pegou mal. Custou-lhe, é certo, muitos votos.


Entretanto, todos - ou, melhor, quase todos - os políticos são um pouco Nicolas Sarkozy. Têm nojo do povo. Lá, acolá e, também, aqui.


João Figueiredo, embora militar e não político, quando no exercício da presidência disse preferir o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo. 
José Serra, por sua vez, famoso por lavar a mão com álcool após cumprimentar a patuleia, foi fotografado em bisonha atitude beijando a própria mão ao invés da mão da eleitora que lhe tietava. 
Do evento acontecido em França, em especial no cair da máscara de Nicolas Sarkozy, nota-se que por mais que o sujeito se porte como um boneco de vitrine ou uma caixa de sabão, engessado e com um discurso falso na ponta da língua como se um produto e não um homem, impossível enganar a todos por todo o tempo. Um dia a casa cai. Ou, no esculacho, "desabé" le chateau.


Dirceu do Valle
advogado e professor de 
pós-graduação da PUC/SP