domingo, 15 de abril de 2012

em prostíbulo: Repórteres levam susto ao serem reconhecidos por um entrevistado


Homem que levaria equipe do Mogi News a uma conhecida casa de prostituição reconheceu um dos profissionais
Cleber Lazo
Da Reportagem Local
Osvaldo Birke

Nas ruas ou nas casas de prostituição de Mogi das Cruzes, as garotas de programa cobram de R$ 20 a R$ 100, de acordo com o tipo de serviço e o tempo gasto com cada cliente
Após sairmos do hotel na rua Barão de Jaceguai, no centro de Mogi das Cruzes, acompanhados do homem com tatuagem nos dois braços, e andarmos cerca de 200 metros em direção à rua Professor Flaviano de Melo, local da casa VIP da prostituição mogiana, ele se vira para o fotógrafo do Mogi News, Osvaldo Birke, e afirma: "Eu te conheço ´cara´, você é fotógrafo do Mogi News". Ficamos pasmos. Como aquele homem, naquela situação e àquela hora, poderia reconhecer alguém? "Assim que vi os dois já ´saquei´ qual era a intenção de vocês", frisou. "Olha isso aqui", ele tira um aparelho celular do bolso e mostra o telefone de um dos repórteres da equipe do MN. "Sou fonte dele e sempre passo informações".


A apreensão pairou sobre nós dois. Logo na última casa a ser visitada e no local chamado como VIP, onde poderíamos conseguir várias informações sobre o submundo da prostituição, nosso "disfarce" havia sido descoberto. Não tínhamos como negar. "Sou mesmo fotógrafo do MN", revelou Birke, já à espera de que o homem dissesse para irmos embora.


Mas o inesperado ocorreu. Mesmo com a nossa identidade secreta descoberta, o homem tatuado pede para acelerarmos o passo para chegarmos à casa VIP. Ele não entendeu que estávamos lá para relatar os bastidores da prostituição e imaginou que queríamos somente aproveitar a noite na companhia de garotas de programa. 
Ainda receosos, o acompanhamos. O segurança nos recebeu. Assim como o primeiro prostíbulo visitado, a frente do imóvel era comum, somente as luzes e as paredes azuis davam sinais do tipo de lugar. Sofás na entrada e um jukebox também decoravam a sala de espera. O cômodo ao lado era o bar. Os shows eróticos ocorriam no quarto da frente. Para acompanhá-los, era preciso pagar. No quintal dos fundos, uma mesa de sinuca. Quatro meninas, com vestidos curtos e apertados, desfilavam. Os clientes, quase 20, eram, em sua maioria, jovens.


Assim que entramos na casa VIP, o homem foi logo gritando: "Eles são do jornal e eu quero que ofereçam o melhor para eles". O disfarce, definitivamente, tinha se transformado em cartão de visitas. Por sorte, ninguém deu muita atenção ao nosso novo colega.


Toda a movimentação do local é acompanhada por câmeras. Os preços dos programas eram: R$ 40 por 20 minutos, R$ 50 por 30 minutos e R$ 100 por uma hora. Ficamos cerca de 20 minutos na casa e deixamos o local prometendo voltar. O tatuado ainda insistiu por nossa permanência, contudo, nossa amizade tinha chegado ao fim. Livro relata rotina dos "programas" Escrever o livro "Quadrilátero do Pecado - a prostituição na região central de Mogi das Cruzes" foi um desafio que os jornalistas Maurício Vicentin e Ricardo Vergueiro resolveram encarar em 2002. Prestes a sair da faculdade, eles queriam tratar no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de um assunto que fosse nacional e que tivesse reflexo direto na cidade.


"Antes de optar por escrever sobre prostituição, muitos foram os temas que surgiram, mas reportagens contando uma grande operação, realizada conjuntamente por vários representantes do poder público na região central da cidade na época, foram decisivas na escolha do tema a ser abordado", contou Vicentin.


Assim como a equipe do MN, os jovens não se apresentaram como jornalistas no momento em que abordaram as garotas de programa. "Antes, optamos por entrevistar uma psicóloga quanto às formas de abordagem das profissionais da noite. Uma coisa era certa: não iríamos nos apresentar como jovens profissionais de comunicação, mas como clientes, ou ´cabaços´, pois é assim que elas identificam os jovens que frequentam esse tipo de lugar. Durante boa parte do trabalho, as garotas não sabiam que estavam sendo entrevistadas".


Fonte:Mogi News