sábado, 7 de abril de 2012

As prefeituras, o secretário e a Saúde


Diante de mais uma crise no atendimento nos hospitais públicos da Região do Alto Tietê, onde faltam médicos, leitos e macas, e cirurgias tornaram-se quase um privilégio, o secretário de Estado, Giovanni Guido Cerri, volta a cobrar das prefeituras resolutividade na assistência de baixa complexidade.


Esse é um discurso antigo. Em outras oportunidades, o Estado já tentou colocar a culpa pela demora de até oito horas para o atendimento no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos, por exemplo, nas prefeituras.


Há falhas gritantes na rede básica regional, o que pode contribuir para o aumento da procura pelos hospitais, ainda que sejam levados em conta os investimentos em cidades como Mogi das Cruzes e Suzano.


Mas, o que se tem discutido desde o ano passado, quando a Frente Parlamentar do Alto Tietê visitou os hospitais públicos e constatou a gravidade da situação, é o sucateamento dos hospitais públicos.


Faltam leitos, macas, cadeiras de roda e médicos na rede hospitalar estadual. E esse fato não pode ser atribuído apenas às deficiências da baixa complexidade, o atendimento realizado nos postos de saúde, e que deveria servir para a prevenção das doenças.


O que a população tem cobrado, e sofre terrivelmente, é com a demora na realização de procedimentos cirúrgicos, ou pela falta de leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal.


E a culpa dessa situação não é das prefeituras. A assistência de alta complexidade é de responsabilidade legal do Estado – para isso, toda a população recolhe pesados impostos, que são distribuídos pelo governo federal aos estados.


É fato que muitas das cidades do Alto Tietê têm falhas na rede básica, um déficit histórico mantido por políticas públicas equivocadas, que menosprezam a prevenção. Mas o paciente possui uma fratura e precisa de uma cirurgia ortopédica não será mesmo tratado no posto de saúde. Ele precisará de um leito hospitalar decente – e não do corredor do Hospital Luzia de Pinho Melo, como os deputados estaduais flagraram na visita feita no ano passado na principal unidade de saúde do Alto Tietê, no ano passado.


Não se trata de eximir as prefeituras de responsabilidade. Não, muitos prefeitos – e os eleitores precisam estar atentos a isso – são omissos, têm privilegiado a cura e não a prevenção. Mas, a atual crise hospitalar no Alto Tietê deve ser creditada e cobrada do Estado.


Os hospitais, como o Santa Marcelina e o Regional de Ferraz, não têm tido condições de manter as portas abertas pelo corte de verbas, a saída de médicos. E, esses, são problemas que competem ao Estado.


Fonte:O Diário de Mogi