domingo, 7 de agosto de 2011

Secretário-executivo se demite

Editora Globo

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan, pediu demissão do cargo. "Informo que apresentei ao ministro, nesta data, meu pedido de demissão, em caráter irrevogável, do cargo de secretário-executivo do Ministério da Agricultura", escreveu Ortolan, em nota divulgada pela página do Ministério da Agricultura na internet.
Ele tomou a decisão após a publicação de reportagem pela revistaVeja segundo a qual seria conivente com irregularidades e desvios de recursos no Ministério. "Sinto-me injustiçado e ofendido pelas suspeitas levantadas na reportagem", afirmou.
É a segunda vez que funcionários citados como envolvidos em irregularidades pela revista Veja são demitidos no mesmo dia da publicação da notícia. No dia 2 de julho a presidente Dilma Rousseff afastou quatro servidores do setor de transportes, suspeitos de atos ilegais, entre eles, Luiz Antonio Pagot, então diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Ortolan escreveu também que conheceu o lobista Júlio Fróes no processo de contratação da pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) pelo Ministério da Agricultura. Fróes foi apontado por Veja como um estranho que teria sala no prédio da Pasta e atuaria para liberar verbas e corromper servidores. "(Fróes) Chegou a mim como sendo um representante da PUC-SP", argumentou Ortolan.
O ex-secretário disse desconhecer uma reunião citada pela revista que teria sido realizada na Assessoria Parlamentar do Ministério, quando teria sido distribuída "propina". "Não participei e nem compactuo com ilegalidades. Tenho 40 anos de serviço público. Jamais fui acusado de conduta irregular".
Por fim, ele solicitou que sejam feitas investigações "em todos os níveis considerados necessários" e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos. "Tenho a consciência tranquila e provarei minha inocência", finalizou.
Já o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, negou envolvimento com Júlio Fróes. Por intermédio de nota, Rossi informou que pedirá que a Controladoria Geral da União (CGU) investigue os contratos apontados pela revista como suspeitos e anunciou que os funcionários citados serão ouvidos em procedimento disciplinar.
A revista afirma que Fróes redigiu um documento usado como base para o Ministério contratar sem licitação, por R$ 9,1 milhões, a Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP. A entidade tinha o lobista como representante. Após conseguir o contrato, ele teria dado pastas com dinheiro a funcionários que o tinham ajudado. O lobista negou as acusações e chegou a agredir o repórter Rodrigo Rangel, da Veja, que registrou boletim de ocorrência em Brasília.
Na reportagem, o próprio lobista se descreve como amigo de Rossi. O ministro nega: "Nunca participei de reunião com este senhor. Não desfruta de minha amizade e nem de minha confiança".
O ministro garante que a pasta está de acordo com "boas práticas administrativas e de controle interno" e nega que tenha cometido qualquer ilegalidade. "Não fui, não sou e não serei conivente com qualquer tipo de desvio".
Em anexo ao pronunciamento do ministro, a pasta dá detalhes sobre o contrato com a Fundação São Paulo. A justificativa para a dispensa de licitação é que a entidade atua nas áreas de pesquisa, ensino e desenvolvimento institucional. O convênio é para a capacitação de 12 mil servidores. Até julho de 2011 foram atendidos 6.560 funcionários e a Fundação recebeu R$ 5,2 milhões. A nota afirma que o contrato já foi auditado pela CGU.

Fonte:O Diário de Mogi