Só neste ano, a Prefeitura realizou 25 demolições de casas que estavam sendo erguidas à beira do rio
Jamile Santana
Da Reportagem Local
Adriano Vaccari
Famílias serão atendidas com unidades do programa habitacional; Prefeitura quer construir um parque na área para proporcionar lazer
Até dezembro, 411 famílias que moram na várzea do rio Jundiaí, em Jundiapeba, serão removidas e beneficiadas com moradias do programa Minha Casa, Minha Vida. Também estão previstas desapropriações, já que, em alguns casos, as famílias possuem propriedade regular dos imóveis. Em um raio de até 50 metros do rio, incluídos na Área de Preservação Permanente (APP), será construído um Parque Linear que, além de trazer lazer para as famílias do distrito, terá como objetivo impedir novas ocupações irregulares.
Só neste ano, a Prefeitura realizou 25 demolições de casas que estavam sendo erguidas à beira do rio. A remoção das famílias e a construção do parque foram novidades anunciadas ontem pelo prefeito Marco Aurélio Bertaiolli (DEM).
Segundo a coordenadora de Habitação de Mogi das Cruzes, Dalciane Felizardo, as 411 famílias já estão cadastradas na Prefeitura. O trabalho segue a chamada faixa de influência curvilínea, ou seja, as famílias serão retiradas prioritariamente de acordo com a distância do rio em que suas casas estão construídas. O parque linear usará uma faixa de 15 metros da APP e em outros trechos chega a 50 metros. Em um primeiro momento, foram convocadas apenas famílias que moram a até 15 metros do rio (leia mais nesta página).
Agora, o departamento está convocando aquelas que moram a 30 metros do rio e em breve serão convocadas as que moram a 50 metros da várzea. Neste último caso, as negociações devem ser diferentes, porque há chances muito maiores de se encontrar, a essa distância maior do rio, de fato, proprietários, e não mais famílias morando irregularmente. Aí será necessário negociar indenizações.
As famílias que toparem ir para unidades do programa Minha Casa, Minha Vida financiarão alguns dos apartamentos que estão sendo erguidos em Jundiapeba. A proposta é que eles sejam direcionados para os conjuntos I, II, III ou IV de Jundiapeba, que têm entrega prevista para dezembro deste ano. O prefeito informou que ainda não há detalhes do projeto do parque e que sua construção também dependerá de recursos dos governos estadual e federal. Serão construídas quadras poliesportivas e de areia, além da revitalização do local.
A Secretaria de Segurança realiza, de duas a três vezes ao mês, operações na área de várzea do rio Jundiaí para impedir novas ocupações irregulares. Só neste ano, 25 imóveis foram demolidos. Ontem, equipes da Secretaria de Segurança fizeram a demolição de um imóvel que estava em fase de obras, além de notificar outros três, que já estão ocupados por famílias.
Notificação
O Departamento de Habitação da Prefeitura de Mogi já notificou as famílias que moram a 15 metros da várzea do rio Jundiaí, em Jundiapeba, onde será construída o parque linear. Segundo os próprios moradores, o trabalho de cadastramento vem sendo feito há 2 meses e a documentação das famílias a serem atendidas pelo programa Minha Casa, Minha Vida já foi analisada pela Caixa Econômica Federal. Quem possui moradia irregular e sofre com as enchentes já comemora. Pelo menos 20 casas foram construídas em frente ao rio.
Este é o caso da dona de casa Flávia Aparecida da Silva, de 25 anos, que mora com os três filhos e o marido na rua Paraguai, a poucos metros do rio. Ela comprou o terreno há 10 anos, por R$ 2 mil. "Sempre soube que o lugar é irregular, mas não tinha outra opção, então construímos uma casa de dois cômodos aqui", contou. Toda a documentação da dona de casa já foi enviada pela Prefeitura. "Estou muito feliz que vou sair daqui porque não dá para perder todos os móveis todo fim de ano, como acontece. Além disso, corremos risco de contaminação e a própria população que vive aqui, acaba poluindo o rio. Sair daqui vai ser bom para todo mundo", destacou.
A aposentada Edir Maria Antunes, de 50 anos, mora com o marido e também comemora a compra do imóvel próprio. "Recebo pouco, mas fiquei tranquila ao saber que pagaremos parcelas mínimas. Se tudo der certo, até o final de outubro já começamos a sair", contou.
Fonte:Mogi News
